Resumo: Pneumatose intestinal (PI) é um sinal clínico-radiológico caracterizado pela presença de cistos de conteúdo gasoso na submucosa/subserosa do intestino grosso, principalmente, e pode acompanhar várias patologias. Em alguns casos, é achado acidental ou resultado de propedêutica em quadros abdominais sintomáticos, podendo resolver espontaneamente. Em adultos, a PI pode estar associada à isquemia intestinal aguda, úlcera péptica perfurada, imunossupressão (citarabina, esteróides, transplante de medula óssea e doença do enxerto contra hospedeiro) com destruição da mucosa relacionada à quimioterapia, radiação e infecção. Doentes oncohematológicos são tratados, rotineiramente, com drogas imunossupressoras e apresentam maior risco de desenvolver PI. Objetivo: Relatar caso de PI oligosintomática pós tratamento de indução de paciente adulto com leucemia linfoblástica aguda (LLA). Relato de caso: Mulher, 35 anos, previamente hígida, diagnosticada em janeiro de 2020 com quadro de LLA B comum Ph negativo, sem infiltração do sistema nervoso central, tratada com protocolo GMALL-94, que utiliza altas doses de esteroides. Foi iniciado fase I da indução com ciclos semanais (D1, D8, D15, D22) de daunorrubicina 25 mg/m2 e vincristina 2 mg, e prednisona 60 mg/m2, por 28 dias. Apresentou neutropenia febril com foco cutâneo e recebeu cefepime e vancomicina. Ao término da fase I, obteve remissão medular da doença. Durante internação para fase II, queixou-se de desconforto abdominal difuso há 4 dias, associado a diarreia, sem características enteroinvasivas, ausência de náuseas ou febre. Apresentava desconforto abdominal à palpação profunda, sem sinais de irritação peritoneal e discreta distensão abdominal. Na investigação por imagem, observou-se extensa PI comprometendo ceco até terço médio de cólon transverso, com sinais de retropneumoperitônio. Após avaliação da equipe de cirurgia, levando-se em consideração aspectos clínicos como estabilidade hemodinâmica e laboratoriais, foi optado por conduta conservadora, sendo tratada com antimicrobianos (ceftriaxone e metronidazol) e com acompanhamento sequencial por imagem. A paciente evoluiu com importante melhora clínica e radiográfica, após 7 dias. Discussão: PI está associada a pacientes imunossuprimidos, principalmente naqueles que fazem uso de altas doses de esteroides. Diversas teorias tem sido postuladas para explicar o processo fisiopatológico desse achado. A presença de pneumoperitônio (PP) pode indicar perfuração visceral e é uma forte indicação para laparotomia. Na ausência de sinais de perfuração (líquido livre na cavidade abdomial, extravasamento enteral de contraste, peritonite franca), a ruptura das pneumatoceles pode originar o PP e não a perfuração de órgão. No caso apresentado, foi realizado tratamento conservador em paciente imunocomprometida e estável hemodinamicamente, evitando-se a morbidade associada à cirurgia, com boa resposta terapêutica. Conduta conservadora em pacientes imunocomprometido com PI e PP devem ser individualizados, dependendo do quadro clínico e avaliação de risco benefício. Conclusão: PI, apesar de ser entidade rara, faz parte do diagnóstico diferencial de pacientes imunossuprimidos com quadro abdominal, mesmo que oligosintomático. A identificação e adequada condução da PI evita abordagens desnecessárias, podendo reduzir as complicações nesses pacientes. Keywords: Pneumatosis intestinalis; Acute Lymphoblastic Leukemia; Acute Lymphoid Leukemia; Cystoides intestinalis.
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