
Um dos exames laboratoriais que compõe a rotina de pré-natal é a determinação ABO e RH da gestante. Somente em casos, onde a o tipagem RHD é negativa, são solicitados testes adicionais como a Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI), para verificar se a gestante possui presença de aloanticorpos eritrocitários. Os resultados fundamentam decisões clínicas na assistência à gestante ou a pacientes que precisam de transfusão de sangue.
ObjetivoDemonstrar, através de descrição de Caso Clínico, a relevância do PAI em gestantes Rh positivas.
MétodoRelato de Caso Clínico de uma Agência Transfusional de Hospital Privado no Interior de SP.
Relato de casoRecém-Nascido (RN) com Teste de Antiglobulina Direta (TAD) com resultado “Positivo”, liberado. Solicitada investigação imuno-hematológica para auxílio diagnóstico. RN nascido com 38 semanas e 1 dia de gestação, filho da terceira gestação, mãe sem nenhum histórico de aborto. Os testes imuno-hematológicos foram realizados com amostras da mãe e do RN, ambas de coleta periférica, todos os testes utilizando metodologia em gel teste. Amostra materna: BRh+, Fenotipagem: C+ c- E- e+ K-, PAI: Positivo, Painel de Identificação de Anticorpos Irregulares: aloanticorpo com especificidade anti-c. Amostra do recém-nascido: BRh+, Fenotipagem: C+ c+ E- e+ K-, TAD: Positivo. O RN teve boa evolução clínica, sem evidências de hemólise, não necessitando de transfusão sanguínea nem de fototerapia.
DiscussãoExiste grande preocupação relacionada à aloimunização materna pelo antígeno “D” do Sistema Rh, devido seu alto poder imunogênico e potencial de hemólise com manifestações clínicas importantes. Entretanto, a aloimunização por outros antígenos eritrocitários pode ocorrer e as consequências clínicas dependem, além de outros fatores, as características do anticorpo desenvolvido. O anti-c é um anticorpo importante por apresentar comportamento semelhante ao anti-D. O RN em questão, não apresentou evidências clínicas ou laboratoriais de hemólise e, portanto, não houve necessidade de transfusão de sangue e nem de fototerapia. A mãe teve duas gestações consecutivas com fenótipo BRhD+ e TAD positivo pela presença do aloanticorpo identificado anti-c. A tipagem ABO/Rh faz parte dos exames complementares da Rotina Pré-Natal de todas as gestantes, porém, o teste de PAI, fica restrita àquelas Rh negativas. O presente relato de caso, sugere que a inclusão desse teste na Rotina Pré-Natal para mulheres Rh positivas, pode ser relevante.
ConclusãoA implementação do teste de PAI em todas as gestantes, independentemente do resultado ABO/Rh, possibilita a detecção precoce de outros aloanticorpos potencialmente envolvidos em DHPN e pode auxiliar na tomada de decisões assistenciais para a saúde da mãe e ao bebê.