
Avaliar o perfil transfusional dos recém-nascidos internados no Centro Universitário Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM). Dentre os grupos de pacientes dependentes de hemocomponentes, destaca-se os neonatos, caracterizados por serem pacientes de alto risco, sensíveis e com perfil hemodinâmico próprio.
Material e métodosEstudo transversal descritivo retrospectivo através da análise de 256 Solicitações de Transfusão (STS) de Recém-Nascidos (RNs) da Agência Transfusional do CISAM durante os meses de julho de 2022 a março de 2023. Foi levantado dados dos pacientes quanto ao quantitativo de transfusões, sexo, idade gestacional corrigida dos recém-nascidos, o tipo de transfusão (hetero ou isogrupo), hemocomponente mais transfundido, local de internação e causa clínica relacionada à transfusão. Os dados foram organizados e processados em Microsoft Office Excel e analisados por estatística simples.
ResultadosForam contabilizadas 256 STS, realizadas em 73 pacientes, dos quais 49% eram do sexo masculino e 51% do sexo feminino. Neste período foram realizadas 289 transfusões em neonatos, correspondendo a 60% do total de transfusões em todas as faixas etárias. Em relação à idade gestacional corrigida dos RN com maior necessidade de transfusão foi de 33 a 34 semanas (74% da amostra) com discreto predomínio no sexo feminino (52%). Quanto ao tipo de transfusão ABO, foram mais recorrentes transfusões com hemocomponente isogrupo (75%) do que heterogrupo (25%). Algumas das transfusões heterogrupos aconteceram em atendimento ao protocolo do serviço, devido à impossibilidade de localizar a genitora para coleta da amostra e classificação sanguínea. Diante das transfusões realizadas, sobressaem-se os produtos CHDI (43%), CHD (23%) e CP (21%). Em paralelo, destaca-se a UTI Neonatal (52%) como o local de internação com maior número de transfusões, seguida da UCI Neonatal (36%) e de menor recorrência a unidade de cuidados intermediários ‒ Canguru (13%). Entre as principais indicações de transfusão evidenciadas foram anemia (64%), VMA (22%), plaquetopenia e sangramento (15%) cada, prematuridade (11%) e sepse (7%). Com relação ao turno em que foram realizadas as transfusões, evidenciou-se que no período noturno existe um maior número de transfusões realizadas 66%.
DiscussãoA literatura reforça que RNs com baixo peso e idade gestacional prematura são condições que favorecem a necessidade transfusional, assim como doença infecciosa grave. A anemia é a alteração hematológica mais comum no recém-nascido, o que justifica o concentrado de hemácias ser o hemocomponente mais utilizado. A UTI Neonatal comporta os RNs mais instáveis hemodinamicamente, e por isso apresentou maior quantitativo de transfusões. Com relação ao turno, o maior número de transfusões ocorreu a noite, quando a vigilância para identificar e conduzir reações transfusionais é menor. Os entraves para um maior número de transfusões noturnas ocorrem pela limitação do serviço em disponibilizar exames laboratoriais de forma ágil e ausência de capela de fluxo com necessidade de fracionamento do hemocomponente no hemocentro fornecedor.
ConclusõesRNs comidade gestacional corrigida de 33 a 34 semanas apresentam maior necessidade de transfusão. O CHDI foi o produto mais solicitado e houve predomínio de transfusões noturnas. Melhorias no atendimento transfusional devem ser incentivadas com intuito de proporcionar maior segurança e qualidade no serviço oferecido.