O uso de hemocomponentes no suporte transfusional é essencial na rotina hospitalar, especialmente em pacientes críticos, cirúrgicos e oncológicos. Conhecer o perfil epidemiológico transfusional permite avaliar padrões de consumo, identificar demandas específicas por hemocomponentes e direcionar ações de gestão, garantir a segurança transfusional e educação continuada, considerando a dificuldade atual em manter estoque estratégico para atendimento.

Analisar o perfil epidemiológico das transfusões realizadas em hospital atendido pelo Grupo GSH na cidade de Franca/SP.

Estudo retrospectivo com análise de dados transfusionais provenientes de registros informatizados do serviço de hemoterapia, no período de junho de 2020 à junho de 2025. Foram avaliados: tipo de hemocomponente e hemocomponentes especiais, setores solicitantes, classificação de urgência, diagnóstico e indicação, gênero e faixa etária.

Foram registradas 12.679 transfusões no período analisado. Os hemocomponentes mais utilizados foram os concentrados de hemácias (n = 8.583), seguidos por plaquetas (n = 2.876), plaquetas por aférese (n = 207), plasma fresco congelado (n = 890) e Crioprecipitado (n = 123). Em relação aos setores, os maiores consumidores foram a UTI adulto (21,7%), ambulatório (15,8%), unidade II (10,2%) e unidade clínica (8,9%). Quanto à urgência, 45,9% das transfusões foram classificadas como urgente em até 3 horas, 28,4% como urgente em até 6 horas e 21,1% como programadas. Casos de extrema urgência representaram 1,2%. A evolução mensal foi estável ao longo dos cinco meses, com média de 146 transfusões mensais.

Os dados demonstram que o consumo de hemocomponentes se concentra em setores de maior complexidade clínica, como UTIs e unidades cirúrgicas, e que a maior parte das transfusões ocorre em contextos de urgência, o que reforça a importância de processos ágeis e seguros de liberação. A predominância dos concentrados de hemácias é coerente com a literatura, sendo o principal hemocomponente utilizado. A caracterização transfusional contribui com a vigilância em saúde e o planejamento estratégico de estoques com provisão e programação do envio de hemocomponentes semanalmente alinhado junto a equipe de logística, tornando o gerenciamento do estoque mínimo efetivo para atender a demanda. A análise do perfil transfusional evidenciou predominância do uso de concentrado de hemácias, maior demanda em setores críticos e alto percentual de transfusões urgentes, bem parecido com descrito em literatura. Os dados podem subsidiar ações voltadas à gestão de hemocomponentes, prevenção de reações adversas e melhoria contínua da assistência.