
Analisar o perfil epidemiológico da leucemia linfoide em crianças na cidade de São Paulo no período pré-pandemia pelo Sars-Cov-2 de 2015 a 2020.
Materiais e métodosEstudo observacional retrospectivo e descritivo, sobre o perfil epidemiológico da leucemia linfóide na cidade de São Paulo, no período de 2015 a 2020. Os dados foram obtidos por meio de consulta às bases de dados disponibilizadas pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A escolha deste período foi feita para garantir a disponibilidade de dados atualizados e minimizar possíveis vieses por atraso de notificação. Após a coleta dos dados, as variáveis de interesse como: sexo, idade (crianças de zero a 14 anos), tratamento realizado e ano de diagnóstico (2015-2020), os mesmos foram digitados e analizados pelo programa Microsoft Office Excel 4.0.
ResultadosForam identificados 421 casos de leucemia linfoide em crianças durante o período de 2015 a 2020. A doença foi mais prevalente no sexo masculino 244 casos (58%) e em menores de cinco anos com 192 casos (45,6%). A média de idade foi de 7±4,47 anos. Receberam tratamento adequado 401 crianças (95,2%).
DiscussãoO presente estudo sobre a leucemia linfoide em crianças na cidade de São Paulo, fornece uma visão geral do perfil dessa condição na população pediátrica no período imediatamente anterior à pandemia pelo Sars-Cov-2. A maioria das crianças acometidas foi do sexo masculino, corroborando com um levantamento epidemiológico prévio realizado com a populacao brasileira no período de 2005 a 2015 (Silva-Junior AL, 2019). A faixa etária dos zero aos cinco foi a mais acometida, dado compatível com estudo anterior realizado na mesma cidade, que obteve um pico entre as crianças de 0 a 4 anos, sugerindo que a leucemia linfóide é mais frequentemente diagnosticada em crianças pequenas devido à maior proliferação celular e aos fatores genéticos predisponentes presentes nessa idade. (SILVA, 2020). A grande maioria das crianças diagnosticadas com leucemia linfóide foi referenciada para serviço especializado. A cidade de São Paulo possui centros de referência especializados em oncologia e hematologia pediátrica, o que contribuiu para um melhor acompanhamento destas crianças, fator essencial para a melhora da sobrevida (WEBER, 2023). A realidade da cidade de São Paulo é diferente de outras regiões do país em que ainda há carência de profissionais e serviços especializados em oncohematologia pediátrica.
ConclusãoNa cidade de São Paulo mais de 95% das crianças conseguem realizar a terapia adequada para leucemia linfoide, uma realidade diferente de outras regiões do país. Apesar disso, 1 a cada 20 crianças não realizou o tratamento adequado. Este estudo não permite afirmar o motivo disso, se foi por óbito antes do início do tratamento, por atraso no diagnóstico, dificuldade no referenciamento de casos ou se a doença foi um achado de necropsia. Contudo, é válido reforçar os red flags para as leucoses na infância, para que os casos de atraso no diagnóstico e não tratamento possam ser reduzidos ainda mais. Um estudo com dados mais recentes poderá mostrar se houve mudança deste perfil durante o período da pandemia pelo Sars-Cov-2, no qual muitas famílias passaram a ter dificuldade de acessar serviços básicos de saúde.