
A dengue é uma arbovirose, causada por 4 sorotipos distintos, com prevalência nos países tropicais e subtropicais, é uma enfermidade que acomete os grandes centros urbanos, com um padrão sazonal. No Brasil o primeiro semestre de 2024, superou os casos de 2023, sendo o pior histórico da doença. Com base nos sinais e sintomas, a dengue pode ser classificada na sua forma mais grave, onde podem ocorrem hemorragias, trombocitopenia e coagulopatia. A transfusão de sangue é um tratamento de suporte dos sintomas relacionados a forma mais grave da doença. Nesse estudo foi traçado um perfil dos pacientes transfundidos nos hospitais atendidos pelo grupo GSH em diferentes regiões do país.
Materiais e métodosEstudo descritivo, observacional e transversal, que avaliou o perfil dos pacientes com diagnóstico de dengue transfundidos quanto ao tipo de hemocomponente, concentrado de hemácias (CH), concentrado de plaquetas (CP), concentrado de plaquetas por aférese (CPA), plasma fresco (PF) e crioprecipitado (CRIO), sexo, idade e região assim como o quantitativo transfusional. Os dados foram obtidos do sistema Real Blood, no período de outubro de 2023 a junho 2024.
Resultados e discussãoForam realizadas 7854, transfusões em 1001 pacientes, em 152 hospitais, atendidos pelo grupo GSH, distribuídos pelo Brasil. A maioria das transfusões ocorreram em pacientes do sexo masculino 4115 (52,4 ), já do sexo feminino foi 3739 (47,6), a faixa etária que mais recebeu transfusões foi de 41-50 anos 1433 (18,2), as demais foram: menor que 1 ano 39 (0,5); 1-5 anos 124 (1,58); 6-10 anos 86 (1,09); 11-20 anos 432 (5,5); 21-30 anos 750 (9,55); 31-40 anos 1088 (13,9); 51-60 anos 888 (11,3); 61-70 anos 1201 (15,3); 71-80 anos 1213 (15,4); Acima de 80 anos 600 (7,64). Houve predomínio de uso de componentes plaquetários: CP 6462 (82,28) e CPA 332 (4,32), devido a fisiopatologia do vírus que infecta as células hematopoiéticas e megacariócitos na medula óssea, reduzindo a produção de plaquetas. O segundo hemocomponente mais utilizado foi CH 643 (8,19), que está indicada em perda de volemia ou no choque hemorrágico, houve utilização de PF 315 (4,01) e CRIO 102 (1,30), em pacientes com a diminuição de fatores de coagulação. Analisando as regiões mais afetadas do Brasil, pode-se avaliar que o estado de SP com 51 hospitais realizou 3019 transfusões (38,44) e RJ com 57 hospitais realizou 3003 (38,44), foram os estados com mais necessidade de transfusão para pacientes com dengue. Os demais foram: DF com 10 hospitais e 1157 transfusões (14,73), MG com 3 hospitais e 150 transfusões (1,91), PI com 5 hospitais e 139 transfusões (1,77), PE com 8 hospitais e 107 transfusões (1,36), ES com 2 hospitais e 69 transfusões (0,88), MA com 3 hospitais e 65 transfusões (0,83), BA com 6 hospitais e 50 transfusões (0,64), SC com 1 hospital e 50 transfusões (0,64), SE com 1 hospital e 16 transfusões (0,20), AL com 1 hospital e 12 transfusões (0,15), PA com 12 hospitais e 11 transfusões (0,14), PR com 1 hospital e 5 transfusões (0,06) e MS com 1 hospital e 1 transfusão (0,01).
ConclusãoA compreensão do perfil de atendimento é importante para eficiência operacional e o manejo de estoque dos bancos de sangue, através da captação de doadores, assim como uma gestão transfusional assertiva, com a garantia de atendimento a todas as solicitações de transfusão.