
Os pacientes após diagnóstico oncológico frequentemente apresentam sofrimento físico e psíquico relacionados ao tratamento e ao medo da doença. O presente trabalho tem o objetivo de relatar a percepção de qualidade de vida de um paciente após médio prazo do término do tratamento de um linfoma de Hodgkin.
Material e métodosestudo qualitativo, que busca avaliar a qualidade de vida de um paciente após tratamento oncológico. Os dados foram obtidos por meio do questionário EORTC QLQ-C30, aplicado através de um formulário online.
Relato do casoHomem, atualmente 34 anos, recebeu o diagnóstico de linfoma de Hodgkin e iniciou o tratamento em maio de 2018. Não apresentou remissão completa com primeiro esquema de tratamento, sendo necessário outros 2 esquemas quimioterápicos, transplante autólogo e manutenção para remissão completa, terminando o tratamento em 2020. Atualmente, após 4 anos, ao responder o questionário que visa avaliar a qualidade de vida do paciente pós-tratamento oncológico com base na última semana, observou-se que, ao realizar esforços mais intensos e caminhar grandes distâncias, o paciente sente um pouco de fadiga. Ele não apresentou nenhum desconforto ao realizar pequenos passeios a pé, não sentiu falta de ar, dores, dificuldade para dormir, fraqueza, falta de apetite, enjoos, vômitos, constipação, diarreia, cansaço e tampouco se sentiu limitado nas ocupações habituais e no tempo de lazer. O paciente apresentou dificuldade significativa para concentrar-se e algum grau de dificuldade para lembrar de algumas coisas. No entanto, não se sentiu tenso, preocupado, irritado ou deprimido. Alega que seu estado físico ou tratamento médico não interferiram em sua vida familiar, social ou financeira na última semana. De acordo com uma escala de 1 a 7, em que 1 é considerado péssimo e 7 ótimo, o paciente classificaria sua saúde como 6 e sua qualidade de vida como 7. Atualmente, o paciente se sente totalmente recuperado e relata uma conexão mais profunda com Deus, afirmando que, após o tratamento, se sente muito mais espiritualizado.
DiscussãoO sucesso do tratamento possibilitou ao paciente uma qualidade de vida satisfatória; no presente mantem atividades de vida laborativa e social, pratica esportes aquáticos e expressa gratidão a Deus e à equipe multiprofissional que o acompanhou. O questionário utilizado é validado para pacientes oncológicos, porém, observamos emprego mais frequente em pacientes em vigência ou logo após o tratamento, para avaliação da percepção dos impactos da quimioterapia e da doença na vida do paciente. Aplicamos o questionário em paciente após 4 anos de tratamento, e, paciente ainda apresenta fadiga aos esforços e dificuldade de concentração e de memória. Essas queixas podem estar relacionadas a hábitos atuais do paciente e não refletirem o tratamento oncológico anterior.
ConclusãoO acesso ao tratamento precoce é fundamental para a recuperação do bem-estar dos pacientes oncológicos. Avaliar a qualidade de vida nesses pacientes é de suma importância visto os impactos da doença e tratamento para o enfermo de forma física e emocional. É ideal investigar a percepção da qualidade de vida em paciente após médio/longo prazo de tratamento para definir os impactos tardios e preveni-los quando possível, e é preciso validação de questionários específicos para essa população.