HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA linfocitose monoclonal de células B (LMB) é uma condição hematológica que se caracteriza pela presença de uma população clonal de células B no sangue periférico, com contagem menor que 5×109 e sem alterações extramedulares. Apesar de não se caracterizar como uma neoplasia hematológica maligna, a LMB pode apresentar semelhanças fenotípicas com a Leucemia Linfocítica Crônica (LLC), podendo coexpressar os imunofenótipos CD5+, CD19+, CD20+ e CD23+. A LMB pode ser classificada pelo imunofenótipo (LMB semelhante à LLC, LMB não semelhante à LLC e LMB atípica) e pelo tamanho do clone: LMB de baixa contagem (LC), caracterizada pela contagem inferior a 0,5 × 109/L de células B clonais e LMB de alta contagem (HC), com concentração ≥ 0,5 × 109/L de células B clonais, que pode representar risco de progressão para a LLC.
ObjetivosO objetivo deste estudo é avaliar o papel da linfocitose monoclonal de células B no desenvolvimento da Leucemia Linfocítica Crônica.
Material e métodosPara conduzir esta revisão de literatura foram realizadas buscas em bases de dados como PubMed, SciELO e Google Acadêmico, abrangendo publicações do período de 2015-2025 utilizando os descritores MeSH (Medical Subject Headings) "lymphocytosis", "B-cell", "Chronic lymphocytic leukemia", "monoclonal", “development”, “progression”, “disease progression” e operadores Booleanos. De 71 artigos identificados, 8 cumpriram os critérios de inclusão. Foram excluídos estudos fora do escopo temporal (2015-2025), estudos que não abordam a linfocitose monoclonal de células B, artigos sem acesso ao texto completo e estudos que não apresentam o papel da LMB no desenvolvimento da LLC.
Discussão e conclusãoA linfocitose monoclonal de células B, destacando a HC-LMB, pode ser considerada um estágio pré-clínico que precede a LLC, especialmente em pacientes com variantes genéticas nas células B clonais. Algumas características das células tumorais que estão associadas a progressão para LLC incluem aumento da contagem total de linfócitos no sangue e um estado de hipermutação somática (SHM) não mutado do gene IGHV. Adicionalmente, a exaustão funcional das células T CD8+ reduz a eficácia da resposta imune antitumoral, favorecendo a proliferação de células B malignas. Um estudo recente avaliou 371 indivíduos com HC-LMB e observou que pacientes com variantes genéticas têm risco significativamente maior de progressão em comparação aos que não apresentam lesões (37% x 10% em 10 anos). Estudos demonstram que a LMB de alta contagem é precursora da LLC, necessitando de tratamento numa taxa anual de 1% a 5%, sendo a progressão de LC-LMB para LLC quase inexistente. Ademais, há risco aumentado de tumores sólidos, resposta imune humoral reduzida a vacinações e risco aumentado de hospitalização devido a infecções. Um estudo de triagem com 10.139 indivíduos, dos quais 1.712 tinham LMB evidenciou um risco de malignidade linfoide 4,3 vezes maior na LC-LMB vs risco de 75 vezes maior na HC-LMB. Portanto, a linfocitose monoclonal de células B representa um estágio pré-clínico de grande importância no desenvolvimento da Leucemia Linfocítica Crônica, sendo fundamental a distinção entre HC-LMB e LC-LMB devido as probabilidades diferentes de progressão para LLC. Além disso, a presença de mutações genéticas nas células B clonais e características como ausência de mutação do gene IGHV, aumento do número total de linfócitos e exaustão funcional das células T CD8+ representam fatores que contribuem para a transformação maligna da LMB.




