
A faixa etária infantil constitui um grupo suscetível à deficiência do ferro, devido ao alto consumo deste mineral em função da exponencial velocidade de crescimento. Associada a susceptibilidade, alguns hábitos negativos da alimentação na infância podem aumentar esse desarranjo, como por exemplo, consumo escasso de alimentos fontes de ferro.
ObjetivoAnalisar as frequências de internação por anemia ferropriva entre crianças nordestinas e sua distribuição segundo variáveis demográficas e territoriais entre 2014 e 2023.
Material e métodosTrata-se de um estudo ecológico e descritivo. Foram utilizados dados do Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Informações de crianças (0-14 anos) internados devido anemia por deficiência de ferro entre 2014 e 2023. Essa variável principal foi categorizada segundo sexo, faixa de idade, cor/raça, unidade da federação e região geográfica de moradia. Todos os dados foram coletados utilizando o TABNET.
ResultadosAnalisou-se 3062 internações por anemia ferropriva no Nordeste. Dentre os estados, Bahia (694) e Pernambuco (662) foram os que tiveram mais casos. As faixas etárias com mais internações foram a de menor de 1 ano, com 1009 casos (32,95%), e a de entre 1 a 4 anos, com 1004 casos (32,79%). Em relação à raça, a mais acometida foi a parda, com 1787 internações (58,36%), seguida da categoria sem informação (997). O sexo com mais internações foi o masculino com 1613 casos (52,68%).
DiscussãoA anemia ferropriva é a responsável pela maior parte das anemias encontradas e está associada a mais de 60% dos casos de anemia no mundo. Esta patologia afeta o crescimento e o desenvolvimento da criança, que são pilares da saúde infantil, como: o desenvolvimento de habilidades de linguagem, comportamentais e capacidades motoras. Ainda, propicia a cáries dentárias, alterações no sistema imunológico, paladar e apetite. Logo, é possível perceber o motivo do predomínio de casos de anemia ferropriva ser em menores de 1 ano, por ser uma parcela que está propensa a ter um consumo maior que a ingestão de ferro, associado com a raça parda que é uma das raças com menos acesso à saúde, sendo passíveis a falta de informação adequada quanto a alimentação infantil, elencado com o sexo masculino que desde a infancia é negligenciado quanto aos cuidados na saúde.
ConclusãoO estudo evidenciou que a frequência de internações por anemia ferropriva é maior na faixa etária de risco, na raça parda e nos meninos. Mesmo com as medidas de prevenção, notou-se um número expressivo de casos que precisaram de internação durante o período analisado. Logo, deve-se reforçar tanto para as equipes de saúde, quanto para a população, o uso profilático de sulfato ferroso na primeira infância.