
O gerenciamento dos recursos relacionados ao suporte transfusional tem se tornado cada vez mais importante, o que fomentou o Patient Blood Management (PBM). Em tal medida, há avaliação sobre seleção de hemocomponentes em prol de otimizar a hemostasia e administrar apropriadamente a transfusão de sangue. O observatório em saúde é utilizado para monitoramento e avaliação de projetos que auxiliam na identificação de potenciais riscos aos quais uma população poderá estar exposta. Desta forma, a implementação deste sistema na saúde direcionado para medicina transfusional torna-se importante para conhecer a população e melhorar a assistência à saúde.
ObjetivosTem por objetivo descrever abordagem da medicina transfusional no ambulatório de PBM em hospital de referência por meio da implantação de um observatório virtual.
Material e métodosTrata-se de estudo observacional retrospectivo realizado no ambulatório de PBM de serviço público, em pacientes atendidos de janeiro a junho de 2023, sendo excluídos aqueles com impossibilidade de acesso ao prontuário médico. A coleta de dados foi realizada por discente do curso de medicina do Programa de Iniciação Científica, Tecnológica e Inovação, cujo trabalho foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa sob CAE Número 69940623.5.0000.5191.Todos os dados que compõem este estudo são de fonte secundária, dessa forma, dispensou-se a aplicação do Termo de Consentimento. Utilizou-se critérios sociodemográficos, clínicos, laboratoriais e hematológicos.
ResultadosForam analisados prontuários de 54 pacientes, dos quais foram incluídos 1 homem e 49 mulheres, de idade entre 16 e 84 anos. Dentre eles, 72% (N = 36) foram encaminhados ao ambulatório de PBM para investigação de anemia ferropriva pré-operatória, principalmente para a realização de histerectomia total ampliada. Inicialmente, 33 apresentaram anemia e 14 informaram realização de transfusão sanguínea antes do acompanhamento neste serviço. 52% dos pacientes suplementaram ferro via oral, enquanto ferro parenteral foi administrado em 22 pacientes.
DiscussãoO PBM foi desenvolvido originalmente para melhorar o desfecho de pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos, cuja estratégia era voltada essencialmente para o manejo de anemia. Nesse contexto, a investigação de anemia no pré-operatório condiz com o principal motivo de encaminhamento para o serviço, o que corresponde com outros estudos, em que esta pode ser encontrada em até um terço dos pacientes. A transfusão sanguínea alogênica, método definitivo de correção de anemia hospitalar, apesar dos benefícios, está associada a diversos desfechos desfavoráveis.Tendo por base os princípios do PBM, foi possível atender às demandas individuais de cada paciente sem a necessidade de transfusões, sendo todos conduzidos através da reposição de ferro, seja por via oral ou parenteral. Dos 22 pacientes submetidos à administração parenteral, foram evidenciadas 3 reações adversas associadas ao uso de Sacarato de Hidróxido de Ferro III.
ConclusãoEntretanto, apesar de reconhecido e introduzido com sucesso em uma ampla gama de especialidades médicas, o PBM apresenta dificuldades em sua implementação. Uma delas é a falta de conscientização por parte dos pacientes e dos profissionais de saúde, isso porque há o envolvimento de partes díspares cujas interações precisam de uma gestão eficaz, sendo necessário difundir os resultados de sua implementação na prática.