
Ligas Acadêmicas são entidades estudantis que objetivam aprofundamento em áreas específicas. Têm grande presença nos cursos da área da saúde e, através de atividades de ensino, pesquisa e extensão universitárias, são capazes de ampliar o conhecimento e apresentar diferentes opções de futuro profissional aos estudantes. Objetivou-se, assim, conhecer quem são os estudantes participantes das ligas acadêmicas de hematologia do Brasil.
Materiais e métodoRealizou-se uma pesquisa quantitativa, através da aplicação de dois questionários online, cuja população alvo eram os participantes de Ligas de Hematologia do Brasil. Todos os presidentes de ligas foram listados e contatados, e receberam, de forma remota, dois questionários. O primeiro foi respondido pelos próprios presidentes e o segundo, pelos ligantes. No ano de 2022, foram abordados 558 ligantes através do segundo questionário ‒ Perfil dos Ligantes. Essa pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da instituição proponente sob CAAE 24510719.2.0000.0029.
ResultadosA taxa de resposta do questionário sobre o perfil dos ligantes das ligas de hematologia foi de 61,4% (343). Constatou-se que 69,3% são do sexo feminino, que 89,6% (307) possui entre 17 e 25 anos e que 86,8% são do curso de medicina. Com relação ao tempo que participam da liga acadêmica, 103 (30,2%) entraram em 2020, 166 (48,6%) em 2019, 53 (15,5%) em 2018, 13 (3,8%) em 2017, 5 (1,4%) em 2016 e 2 (0,5%) em 2015. Sobre as atividades realizadas pelas ligas, 216 (63,2%) nunca participaram de um projeto de extensão. Tratando-se de trabalhos publicados, 295 (86,3%) participantes afirmaram ter publicado de 0 a 3 trabalhos desde seu ingresso na liga acadêmica e apenas 3 (0,9%) afirmaram ter publicado mais de 10 trabalhos. Ademais, 53 (15,5%) disseram ter participado presencialmente de alguma edição do Congresso HEMO, contra 289 (84,5%). Apenas 14 (4,1%) participaram de outros congressos da área em 2018 e 2019. Foi também investigado se os participantes aspiravam à residência médica de hematologia e 102 (29,9) aspiram e 334 (97,6%) afirmam que a participação na liga de hematologia os beneficiaria caso escolhessem a residência em hematologia. Doze (3,5%) afirmaram ter familiares hematologistas.
DiscussãoA predominância do sexo feminino e a prevalência das idades vão de acordo com o perfil demográfico dos estudantes de medicina. Houve uma maior procura pelas ligas de hematologia no ano de 2020, o que pode estar relacionado às atividades desenvolvidas pelas ligas acadêmicas e pelo novo regime de estudo remoto empregado na pandemia, no qual houve flexibilização de horários e deslocamentos. As atividades desenvolvidas ainda têm pouco impacto. A maioria dos participantes publica poucos trabalhos e não têm participado de atividades de extensão, o que pode ter influência da entrada recente do estudante na liga. A baixa participação nas ligas em congressos da área é um dado relevante, uma vez que a oportunidade de participação é oferecida. Cabem análises futuras sobre a motivação da baixa aderência.
ConclusãoConhecer o perfil dos participantes das ligas de hematologia permite o aprimoramento das atividades nas ligas, oferecendo maior contato com a especialidade, clareando e facilitando o processo de decisão de qual área seguir. Podem também levantar características demográficas, interesses dos participantes e realizar seguimento para acompanhar a influência das ligas no desfecho do aprimoramento médico nas decisões dos futuros médicos.