Objetivos: As anemias carenciais ainda são um importante problema de saúde pública em diversas partes do mundo, acometendo principalmente a saúde de crianças e gestantes. Assim, o presente trabalho buscou revisar os impactos das anemias carenciais na saúde infantil. Material e métodos: Realizou-se uma revisão de artigos científicos presentes em buscas às bases de dados SciELO, PubMed e Google Scholar entre junho e agosto de 2020. Também foram utilizados os dados presentes no Painel de Monitoramento da Mortalidade CID-10 do Departamento de Análise de Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis (DASNT). Resultados: As anemias impactam na infância de cerca de 20,9% das crianças menores de 5 anos no Brasil, sendo mais prevalente na região Nordeste do país (25,5%). Muitas crianças já têm seu desenvolvimento comprometido antes mesmo de nascerem, pois é sabido que a presença de anemia durante a gravidez aumenta a chance de nascimento de recém-nascidos prematuros e com baixo peso. Além disso, observou-se que crianças nascidas de mães que tiveram anemia ferropriva não tratada durante a gravidez apresentaram um baixo índice de desenvolvimento mental entre os 12 e 24 meses de vida. Já em crianças acometidas nos primeiros 2 anos de vida, foi possível observar baixo desempenho psicomotor e níveis reduzidos de responsividade a pessoas e estímulos, irritabilidade e inibição. Desta forma, os principais sintomas relacionados à anemia ferropriva em crianças são: irritabilidade, anorexia, cefaleia e diminuição da capacidade física. Soma-se a isso também o fato de que indivíduos com anemia ferropriva são mais suscetíveis a infecções devido a menor atividade das células imunes inespecíficas e baixos níveis de IL-6. Em casos em que a deficiência é de vitamina B12, é possível que a criança desenvolva desde sintomas neurológicos até atrofia cerebral, além de poderem ocorrer outros sintomas como, pigmentação anormal da pele, hipotonia, hepato e esplenomegalia, pouco crescimento capilar, recusa alimentar, anorexia, dificuldade para se desenvolver e diarreia. Entretanto, quando observamos a mortalidade por anemias carenciais no Brasil, entre crianças de até 9 anos, temos que, em 2018 e 2019, apenas 11 e 12 óbitos foram registrados respectivamente, mostrando que são doenças mais propensas a causar prejuízos de desenvolvimento a longo prazo do que mortalidade na faixa etária pediátrica. Discussão: As anemias carenciais ainda são um grande problema de saúde pública, não apenas em países subdesenvolvidos, mas também nos desenvolvidos, principalmente em filhos de mães veganas rigorosas. Com erros alimentares, a possibilidade de deficiência nutricional é muito alta, o que possibilita um quadro de anemia carencial na criança. Essa falta de nutrientes tende a prejudicar o desenvolvimento infantil, ocorrendo desde um atraso cognitivo leve até uma atrofia cerebral grave. Além disso, é possível que outros sintomas ocorram, prejudicando a saúde da criança a longo prazo, visto que a doença agrega principalmente morbidade, uma vez que óbitos são extremamente raros. Conclusão: Visto a prevalência das anemias carenciais e o impacto a longo prazo gerado desde a infância pelas mesmas, o conhecimento destas patologias é essencial aos médicos generalistas, médicos de família e pediatras para que ocorra diagnóstico e tratamento precoces a fim de evitar a morbidade a longo prazo imposta por essas condições.
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Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 23-24 (novembro 2020)
Vol. 42. Núm. S2.
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37
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O IMPACTO DAS ANEMIAS CARENCIAIS NA SAÚDE INFANTIL
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