HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO transplante de Medula óssea alogênico é a única terapia curativa para síndrome mieloidsplásica de alto risco. O swicth de linhagem após uma recidiva de leucemia é um fenômeno ainda mais raro e o seu manejo repleto de desafios diante do pequeno número de caso e heterogeneidade da doença. Nesses diagnósticos em que a vida é ameaçada, a dignidade o alívio do sofrimento devem ser parte da programação terapêutica e do objetivo de cuidado.
Descrição do casoPaciente do sexto feminino, com seis anos de idade a época do diagnóstico com histórico de plaquetopenia crônica com uso de prednisolona e eltrombopag com resposta parcial e não sustentada, sem avaliação medular na ocasião. Realizado dois meses antes da admissão pulsoterapia e imunoglobulina, sem resposta. À admissão apresentava pancitopenia e hepatoesplenomegalia de grande monta. Imunofenotipagem sugestiva de mielodisplasia e cariótipo com monossomia do sete. Evolui em menos de 14 dias com blastos em sangue periférico e diagnóstico pela imunofenotipagem de Leucemia Mielóide Aguda Mielomonócitica. Apresentou infecções graves e ameaçadoras a vida durante indução sendo refratária ao tratamento quimioterápico convencional. Realizou Azactidina com terapia de ponte para Transplante de Medula Òssea Alogênico não aparentado. Após um ano e seis meses do transplante evoluiu com recaída da doença, realizado venetoclax com nova avaliação de medula 28 dias após, evidenciando Leucemia Aguda de Fenótipo Misto. Após discussão com família e revisão do caso foi iniciado quimioterapia paliativa e o paciente permanece viva e bem após um ano e quatro meses da recidiva.
ConclusãoA Leucemia Mielóide associada a mielodisplasia é uma doença grave porém curável quando submetida a transplante de Medula Alogênico. A taxa de cura livre de eventos diminui drasticamente na recidiva pós transplante. No presente caso, diante da não resposta ao tratamento menos mieloablativo, a proposta seria um tratamento altamente tóxico com alto risco de morbimortalidade e baixa chance de resposta diante de todo histórico. Em uso de quimioterapia paliativa e transfusões de suporte a paciente se mantém viva, com pontuação na escala do Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG) de um e construindo sua biografia ativamente. Tal caso reitera o papel do cuidado paliativo na programação terapêutica como terapêutica que contribui ativamente na qualidade de vida muitas vezes propiciando uma sobrevida maior que a esperada para a doença.
Referências:
World Health Organization. Integrating palliative care and symptom relief into paediatrics: a WHO guide for health care planners, implementers and managers. Geneva: World Health Organization; 2018.
Iglesias SBO, Oliveira NF, Amaral Neto AM, Souza CR, Zoboli I, Lago PM, et al. Cuidados Paliativos Pediátricos: O que são e qual sua importância? Cuidando da criança em todos os momentos. Documento Científico, Departamento Científico de Medicina da Dor e Cuidados Paliativos. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2017.




