
Blinatumomabe é um anticorpo monoclonal bi-específico para o tratamento da leucemia linfoblástica aguda (LLA), que tem como alvo o CD19+ do linfócito B e o CD3+ no linfócito T. Esse medicamento tem demonstrado eficácia significativa na indução da remissão completa em pacientes refratários ou em recaída. Contudo, a literatura destaca a ocorrência de reações adversas, incluindo eventos neurológicos, que podem comprometer a qualidade de vida e o sucesso terapêutico.
ObjetivoRelato de caso de neurotoxicidade (NT) associada ao uso de Blinatumomabe em um indivíduo diagnosticado com LLA. Método: as informações foram obtidas por meio de revisão do prontuário, diagnósticos aos quais o paciente foi submetido e revisão da literatura. Dados demográficos, histórico médico, evolução do tratamento e reações neurológicas foram registrados ao longo do período de observação.
ResultadosPaciente do sexo masculino, 50 anos, diagnosticado prévio de hipertensão, diabetes mellitus tipo II, dislipidemia, hiperplasia de próstata, obesidade, ototocixidade com LLA B comum, Philadelphia negativo, cariótipo in situs complexo, CD19 positivo. Realizou tratamento com protocolo HiperCvad, e recaída após. Foi indicado DaunoFlag, onde demonstrou refratariedade. Como terapia alternativa foi instituído reindução com St. Judes, onde apresentou remissão no início do tratamento e posterior recaída precoce. Após discussão, foi proposto tratamento com 3 ciclos de Blinatumomabe. Durante o tratamento, o paciente apresentou sintomas psíquicos e somáticos, incluindo cefaleia persistente, perturbações da consciência, confusão, desorientação e tremores. A investigação clínica e os exames complementares revelaram alterações no sistema nervoso central. Essas reações neurológicas foram relacionadas a NT do Blinatumomabe, uma reação adversa já descrita, sendo optado por manter a infusão com o monitoramento contínuo do enfermeiro para novos sinais e sintomas neurotóxicos.
DiscussãoA NT é uma preocupação emergente no tratamento com Blinatumomabe, provavelmente decorrente da ativação imune e da liberação de citocinas. Essas reações podem variar desde sintomas leves até graves complicações que ameacem a vida, necessitando de intervenção imediata. O presente caso reforça a importância do monitoramento rigoroso de pacientes sob tratamento com Blinatumomabe, visando a detecção precoce e o gerenciamento eficaz de reações adversas neurológicas.
ConclusãoA NT relacionada ao uso de Blinatumomabe representa um desafio clínico na terapia da LLA. Este relato de caso destaca a importância da vigilância clínica cuidadosa realizada pelo enfermeiro para identificação precoce de reações neurológicas adversas graves. O entendimento aprofundado dessas complicações é fundamental para a otimização do tratamento, garantindo uma abordagem terapêutica eficaz e minimizando os riscos associados ao uso de Blinatumomabe em pacientes com LLA.