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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 1620
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NEUROTOXICIDADE POR METOTREXATO – RELATO DE CASO DE SÍNDROME STROKE-LIKE EM PACIENTE COM LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA
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LPG Gomes, PCS Pontes, BPCdC Correa, CRdC Pires, LF da Cunha, IGC da Silveira, IFM Vasconcelos, TA dos Santos, FL Nogueira, ABF Glória
Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

Metotrexato (MTX) é um quimioterápico essencial no tratamento das leucemias linfoides agudas, sendo fundamental na profilaxia e no tratamento da infiltração de locais santuário, como o sistema nervoso central (SNC). No entanto, pode ser altamente neurotóxico. O mecanismo de neurotoxicidade não foi completamente elucidado, mas acredita-se estar relacionado à interrupção da homeostase do folato no SNC e/ou ao dano neuronal direto. As manifestações clínicas são geralmente subagudas, com apresentações diversas, como síndrome “stroke-like” (SLS), encefalopatia, convulsões e afasia. Na maioria dos casos, os sintomas são transitórios.

Descrição do caso

Paciente do sexo masculino, 24 anos, com diagnóstico de leucemia linfoide aguda B precursora, Philadelphia negativo, risco padrão, sem envolvimento de SNC, recebendo quimioterapia conforme o protocolo GBTLI-99 com PEG-Asparaginase. Obteve remissão morfológica e DRM negativa por citometria de fluxo após indução, até então com boa tolerância ao esquema terapêutico. Durante a fase de consolidação, recebeu infusão de 2 g/m2 de metotrexato intravenoso em 6h. Houve clareamento tardio do MTX, recebeu dez doses de ácido folínico 15 mg/m2. Apresentou elevação de transaminases 8 vezes o limite superior da normalidade nos dias que se seguiram à infusão. Após 72h do fim da infusão evoluiu com disartria grave, paralisia facial completa, ataxia à direita e déficit motor distal em membro superior direito. Realizou tomografia de crânio sem alterações. Ressonância magnética de encéfalo mostrou hipersinal em T2/FLAIR e restrição à difusão na substância branca do centro semioval bilateralmente, achados compatíveis com leucoencefalopatia por MTX. Apresentou melhora progressiva dos déficits e resolução espontânea completa após 5 dias. Não recorreu com manifestações clínicas quando reexposto à droga. No momento, encontra-se em fase manutenção, sem sequelas.

Conclusão

A síndrome “stroke-like” associada ao MTX ocorre geralmente 3 a 11 dias após administração intravenosa ou intratecal, manifestando-se com paresia, distúrbios de fala, alterações do estado mental e convulsões. O quadro é flutuante, com períodos de melhora e piora. A ressonância magnética revela alterações transitórias da substância branca, especialmente nas regiões frontal e parietal, sugerindo leucoencefalopatia. A difusão (DWI) é o método mais sensível na fase aguda, mostrando restrição em áreas correlacionadas aos déficits. O diagnóstico exige exclusão de outras causas. Fatores de risco incluem idade >10 anos, etnia hispânica, AST elevada e uso combinado de MTX intratecal, citarabina e ciclofosfamida. A recuperação costuma ocorrer em 1 a 4 dias, mas pode levar meses. O tratamento baseia-se em suporte clínico e monitorização neurológica. Há relatos do uso de dextrometorfano (antagonista NMDA) e aminofilina (antagonista da adenosina), porém sem evidência robusta, e a evolução autolimitada de muitos casos dispensa terapia farmacológica. Trata-se de manifestação rara, porém relevante, de neurotoxicidade em leucemia linfoide aguda. O reconhecimento precoce permite manejo adequado, garantindo vigilância intensiva. Apesar da apresentação dramática, a maioria dos pacientes apresenta resolução completa, sendo possível reintroduzir o MTX com segurança. Estudos futuros devem esclarecer mecanismos fisiopatológicos e definir condutas mais específicas.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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