HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosPaciente do gênero masculino, 20 anos de idade procurou atendimento com quadro de fadiga, tosse produtiva, astenia intensa de padrão progressivo e linfonodomegalias em região cervical bilateral. No hemograma foi evidenciado anemia (4,3 g/dL), leucocitose (52.820/uL) com presença de 84% de blastos e plaquetopenia (17.000/uL). A imunofenotipagem por citometria de fluxo da amostra de medula óssea detectou 51,8% de blastos (CD117+, HLA-DR+FR, CD45+) comprometidos (CD38+) com a linhagem mieloide/granulocítica (MPO+, CD13+, CD33++, CD64+FR); além de 2,0% de blastos com comprometimento à série eritroide (CD117+, CD36++, CD105++, CD71++; CD38, HLA-DR, CD42b, CD203c, CD13 e CD33 negativos) e 3,1% de basófilos (CD123+, CD203c+, HLA-DR negativo) com ausência de expressão de CD22. Além disso, foi detectada a presença da mutação FLT3-DIT pelo PCR qualitativo. O paciente realizou o tratamento quimioterápico de indução 7+3. Após 17 dias do início do tratamento, apresentou leucopenia (860/uL) com 6% de blastos em sangue periférico. A análise imunofenotípica da medula óssea evidenciou a presença de 49% de blastos (CD117+, CD45+, CD34 negativo) comprometidos (CD38+) com a linhagem mieloide/granulocítica (MPO+, HLA-DR+, CD13+, CD33++; CD36, CD71, CD7, CD19 e CD56 negativos) e 9,9% de blastos (CD117+, CD45+, CD34 negativo) comprometidos com a série eritroide (CD36++, CD105++, CD71++; CD38, HLA-DR, CD42b, CD203c, CD13 e CD33 negativos) semelhantes ao diagnóstico. Além disso, foram observadas 2,6% de células da série basofílica (CD203c+, CD33+, HLA-DR negativo), com ausência de expressão de CD22. Do total de basófilos, 50% apresentam características de imaturidade (CD45+FR, CD117+FR, CD13+FR, CD11b+FR). Paciente evoluiu com quadro de neutropenia febril e sepse de provável foco cutâneo (lesões de acne e abscesso perianal) com hemocultura positiva para Klebsiella pneumoniae co-produtora de KPC e NDM. Assim, para atingir estabilidade clínica, iniciou protocolo com alta dose de ARA-C associado a inibidor de FLT3. O paciente foi encaminhado ao transplante de medula óssea. A neoplasia com rearranjo no gene FLT3 (fms-like tyrosine kinase 3) é uma doença de células-tronco hematopoiéticas que pode se manifestar com características de SMD, neoplasias mieloproliferativas, mielodisplásicas/mieloproliferativas ou leucemia aguda de linhagem mieloide, linfoide B ou T. Associa-se a um prognóstico desfavorável, com evolução rápida e com alta mortalidade. Os pacientes geralmente apresentam anormalidades em sangue periférico (leucocitose, anemia e plaquetopenia) e podem apresentar linfonodomegalias e esplenomegalia. A maioria dos pacientes é diagnosticado na fase crônica da doença e, os casos em que há mais de 20% de blastos no momento do diagnóstico, devem ser classificados como neoplasia mieloide ou linfoide com a mutação FLT3 em fase blástica. Considerando a necessidade de esclarecimento da linhagem celular afetada, a imunofenotipagem é essencial para um diagnóstico preciso e direcionamento do tratamento. No caso do paciente relatado, as células apresentam comprometimento mieloide/granulocítico/eritroide). O FLT3 é um receptor de tirosina quinase que desempenha um papel importante na proliferação, diferenciação e sobrevida celular e, quando mutado aumenta a proliferação celular e inibe a apoptose. Dessa forma, alguns pacientes obtêm respostas hematológica e citogenética com a utilização de fármacos inibidores de FLT3, no entanto, a resposta parece ser de curta duração e o transplante alogênico é indicado.
										
				



