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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S920-S921 (outubro 2024)
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MIELITE TRANSVERSA APÓS DENGUE: PAPEL DA PLASMAFÉRESE
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446
FL Linoa, TCPM Pedroa, RS Ramosb, AJP Corteza
a Associação Beneficente de Coleta de Sangue (COLSAN), São Paulo, SP, Brasil
b Serviço de Neurologia, Hospital Municipal Doutor Arthur Ribeiro de Saboya, São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

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Objetivo

Relatar a evolução de dois casos de Mielite Transversa (MT) associada a Dengue tratadas com plasmaférese (TPE) em 2°linha.

Materiais e métodos

Caso 1: 29a, feminino, apresentou tetraparesia flácida, diminuição de todas as modalidades sensitivas abaixo do apêndice xifóide, parestesia em membros inferiores (MMII) e disfunção esfincteriana, confirmado diagnostico de MT por imagem (RNM), sorologia de Dengue positiva havia 15 dias. Foi realizado pulsoterapia (PST) com Metilprednisolona sem resposta. Iniciado TPE na sequência, recebendo alta com boa resposta clínica, porém com grau de força muscular reduzido, bexiga neurogênica e melhora parcial dos sintomas sensitivos; Caso 2: 79 anos, feminino, apresentou paraplegia flácida de MMII, diminuição de todas as modalidades sensitivas abaixo do nível umbilical e amaurose bilateral, diagnóstico de MT e neurite ótica confirmado por RNM, teve sorologia para Dengue positiva havia 1 mês. Foi realizado PST com Metilprednisolona sem resposta. Feito TPE após 4 semanas do término da PST. Apresentou resposta parcial apenas da acuidade visual, permanecendo paraplégica ao final. Nos dois casos foram feitas 5 sessões de TPE, em dias alternados e troca com solução de albumina 5%.

Discussão

O envolvimento neurológico associado à infecção por dengue ocorre em cerca de 5% dos casos. Os sorotipos 2 e 3 do vírus da dengue são os mais envolvidos. A MT é uma condição neurológica rara, caracterizada pela inflamação da medula espinhal, que pode levar a déficits motores e sensoriais significativos. Embora seja frequentemente associada às infecções virais, a sua incidência pós-dengue é pouco documentada. O intervalo de tempo entre a infecção e os sintomas da MT varia entre 3-16 dias (média: 7 dias). Há dois mecanismos patogênicos: (1) distúrbios neurológicos surgem na fase aguda da doença por invasão direta do virus da dengue ao SNC ou (2) a MT pode resultar de uma reação imunomediada anormal algumas semanas após o início da infecção por dengue. O caso 1 teve o quadro neurológico no período de convalescência da dengue e o caso 2 se manifestou 30 dias após a confirmação sorológica. Em ambos os casos não foi possível a pesquisa do vírus ou a realização de sorologia no líquor. O diagnóstico, portanto, deve ser considerado quando houver manifestações do SNC durante ou após o período de recuperação da infecção por dengue. Como a metilprednisolona é eficaz durante a fase ativa, normalmente é a terapia de escolha inicial, porém alguns pacientes não respondem adequadamente, levando a necessidade de abordagens terapêuticas adicionais. Nesse cenário entra a TPE, considerada como categoria II (terapia de 2°linha) no protocolo da ASFA para casos de MT (doença do espectro da neuromielite óptica – NMOSD). Apesar do tratamento com PST seguido de TPE, os nossos casos apresentaram apenas uma remissão parcial, tendo o caso 1 a melhor resposta, provavelmente pelo início precoce da terapia adjuvante. Como a MT manifesta-se de forma grave e extensa, deve ser considerado o início ainda mais precoce da TPE, de forma combinada e simultânea à PST, objetivando a reversão do quadro.

Conclusão

A TPE se mostrou eficaz no tratamento da MT após infecção pelo vírus da dengue, especialmente quando foi iniciada mais precocemente, e proporcionou melhora significativa e aceleração da recuperação dos pacientes. É uma terapia que pode impactar positivamente a recuperação neurológica e o prognóstico clínico.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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