
Avaliar os níveis de marcadores inflamatórios endoteliais e plasmáticos em pacientes após a alta da internação por COVID-19.
Materiais e MétodosForam recrutados 226 pessoas diagnosticadas com a COVID-19 confirmadas pelo ensaio de RT-PCR (PCR real time) de 18 à 65 anos, divididos em três grupos: controle ambulatorial (Grupo A, n=82), enfermaria (Grupo B, n=47) e UTI (Grupo C, n=97). Os voluntários dos três grupos estavam curados há pelo menos 30 dias da convocação. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Espírito Santo, sob número CAAE 37094020.6.0000.5060. A infecção pelo SARS-CoV-2 precedeu a vacinação completa dos pacientes estudados (considerando 2 doses mínimas). Foram dosados os seguintes marcadores: Fator de von Willebrand Ag (FvWAg), D-dímero (DD), Fator VIII (FVIII), Fibrinogênio (FIB), Hemoglobina glicada (HbA1c), Interleucina-6 (IL-6) e Fator de Necrose Tumoral alfa (TNF-α). O teste de múltiplas comparações Dunn's foi usado para estabelecer a diferença entre os grupos e foi considerado significativa p<0,05.
ResultadosFVIII: Grupo A (Amb) vs. Grupo B (Enf) = p>0,9999 e Grupo A vs. Grupo C (UTI), p=0,0789. FvWAg: Grupo A vs. Grupo B, p=0,8277 e Grupo A vs. Grupo C, p=0,0361. DD: Grupo A vs. Grupo B, p=0,2090 e Grupo A vs. Grupo C, p=0,0010. HbA1c: Grupo A vs. Grupo B, p=0,2680 e Grupo A vs. Grupo C, p<0,0001. FIB: Grupo A vs. Grupo B, p>0,9999 e Grupo A vs. Grupo C, p=0,3363. IL-6: Grupo A vs. Grupo B, p>0,9999 e Grupo A vs. Grupo C, p>0,9999. TNF-α: Grupo A vs. Grupo B, p>0,9999 e Grupo A vs. Grupo C, p=0,4149.
DiscussãoOs Grupos A e B não obtiveram diferença significante (p<0,05) nos parâmetros avaliados. Os pacientes do Grupo C quando comparados ao Grupo A demonstraram uma diferença significativa apenas nas dosagens de FvWAg, HbA1c e DD. Vários estudos apontaram os marcadores avaliados nesse trabalho como possivelmente alterados na fase aguda da COVID-19, predizendo a forma grave da doença. Níveis séricos de IL-6 e TNF-α após a alta não divergiram entre os grupos estudados, indicando nesse trabalho que os níveis pré ou pós COVID-19 desse marcador não estão relacionados com a resposta adversa obtida no Grupo C. Uma correlação positiva entre o FvWAg e o DD favorece um mau prognóstico, e isso sustenta o desequilíbrio entre os processos pró e anticoagulantes diretamente relacionados à disfunção endotelial em pacientes com COVID-19 que foram internados na UTI. A transformação da inflamação em fibrose tecidual, remodelação vascular envolvida em hipóxia, dano de células endoteliais vasculares, estado de hipercoagulabilidade, e mudanças contínuas nos marcadores plasmáticos contribuem para a lesão pulmonar pós-alta.
ConclusãoAlterações vasculares são preditivos relevantes para a mortalidade hospitalar. O retorno à normalidade dos marcadores depois de no mínimo 30 dias após a infecção é um bom prognóstico para eventos similares futuros. A permanência das alterações após a alta hospitalar do grupo C (UTI) pode indicar alterações pré-existentes nesse grupo (como Doenças cardiovasculares e pulmonares), aumento na quantidade de sequelas pós infecção pelo SARS-CoV-2, bem como predisposição à novos agravamentos considerando o estado contínuo de lesão vascular.