HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs neoplasias hematológicas, como linfomas, mieloma múltiplo e leucemias crônicas, apresentam ampla heterogeneidade biológica e clínica, o que dificulta um manejo terapêutico eficaz. A inflamação sistêmica, recentemente reconhecida como moduladora do microambiente tumoral, influencia diretamente no prognóstico e na resposta ao tratamento. Nesse cenário, biomarcadores inflamatórios como IL-6, ferritina, NLR, PLR e proteína C-reativa (PCR) têm se destacado como aliados na estratificação de risco e no acompanhamento clínico dessas doenças.
ObjetivosRevisar o uso de biomarcadores inflamatórios como ferramentas prognósticas e para avaliação da resposta terapêutica em linfomas, mieloma múltiplo e leucemias crônicas, com base nas evidências mais atualizadas da literatura científica internacional e nacional.
Material e métodosRealizou-se uma revisão narrativa da literatura, através dos descritores: “biomarcadores inflamatórios”, “prognóstico”, “linfoma”, “mieloma múltiplo” e “leucemia crônica” para busca de artigos nas plataformas: PubMed, SciELO e ScienceDirect, foram incluídos estudos do período de 2019 a 2025.
Discussão e conclusãoNo mieloma múltiplo, a interleucina-6 (IL-6) é uma citocina fundamental na proliferação e sobrevivência das células plasmocitárias neoplásicas, com níveis elevados associados à maior agressividade tumoral e pior prognóstico. A ferritina, marcador clássico de inflamação, também se eleva em casos de alto risco, indicando um estado inflamatório ativado que pode prejudicar a resposta ao tratamento. O Sistema de Estadiamento Internacional Revisado (R-ISS) utiliza parâmetros laboratoriais como beta- 2-microglobulina e albumina, que refletem o estado inflamatório sistêmico, sendo importantes para a estratificação prognóstica. Níveis altos de beta-2-microglobulina e baixos de albumina indicam estadiamento avançado e pior prognóstico. As relações neutrófilo/linfócito (NLR) e plaquetas/linfócito (PLR) são preditores independentes de sobrevida global e livre de progressão em linfomas, mieloma múltiplo e leucemias crônicas, refletindo o balanço entre imunidade adaptativa e inflamação sistêmica. Em linfomas agressivos, NLR e PLR estão fortemente associados a menor resposta, pior sobrevida e maior risco de recaída precoce. Pela acessibilidade e baixo custo, são ferramentas promissoras para monitorar a resposta terapêutica. A PCR, marcador sensível da inflamação sistêmica, é amplamente usada para acompanhar prognóstico e resposta durante a quimioterapia. Níveis elevados e persistentes após o início do tratamento podem indicar doença refratária ou complicações infecciosas, enquanto sua redução está associada a melhores desfechos. Citocinas pró-inflamatórias como IL-6, TNF-alfa e IL-1 beta têm papeis importantes na progressão tumoral, resistência terapêutica e toxicidade nessas malignidades. Na leucemia linfocítica crônica (LLC), biomarcadores como PCR, NLR e citocinas ajudam na estratificação de risco e na seleção de pacientes para tratamentos-alvo. Marcadores inflamatórios, em especial IL-6, ferritina, NLR, PLR e PCR, consolidam-se como adjuvantes diagnósticos e prognósticos em linfomas, mieloma múltiplo e leucemias crônicas. Embasam decisões clínicas, prognósticas e terapêuticas, orientando estratégias personalizadas e podem impactar positivamente na sobrevida e qualidade de vida dos pacientes, com uma tendência crescente de incorporação desses marcadores em diretrizes e protocolos.




