
Avaliar se os marcadores de endoteliopatias continuamente elevados após a alta hospitalar por COVID-19 possui correlação com o tempo de internação dos pacientes.
Materiais e MétodosForam recrutados 97 pessoas sobreviventes de COVID-19 com a infecção confirmada pelo ensaio de RT-PCR (PCR real time) de 18 à 65 anos internadas na unidade de terapia intensiva de dois grandes hospitais de referência regionais. Os voluntários dos três grupos estavam curados há pelo menos 30 dias da convocação. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Espírito Santo, sob número CAAE 37094020.6.0000.5060. A infecção pelo SARS-CoV-2 precedeu a vacinação completa dos pacientes estudados (considerando 2 doses mínimas). Os participantes responderam um formulário no RedCap® e os dados relacionados à internação foram adquiridos junto aos hospitais. Foram analisados dois marcadores que podem indicar a endoteliopatia: Fator de von Willebrand Antígeno (FvW:Ag) e D-dímero (DD). O teste de múltipla regressão linear foi usado para estabelecer a diferença entre o tempo de internação e os parâmetros avaliados e foi considerado significativa p < 0,05.
ResultadosPacientes com o FvW:Ag e FVIII >150% após a alta tiveram a média do tempo de internação de 12 dias e mediana de 10 dias, em contrapartida, pacientes com níveis normais de FvW:Ag e FVIII internaram em média 10 dias e a mediana foi de 8 dias, p=0,0536 e p=0,1539 respectivamente. Os pacientes com o DD >500 mg/dL após a alta tiveram a média do tempo de Internação de 11,6 dias e mediana de 10 dias, os pacientes com níveis normais de DD internaram em média 10,75 dias e a mediana 8 dias, p < 0,0001.
DiscussãoOs marcadores de endoteliopatias FvW:Ag, FVIII e DD demonstraram em um estudo anterior desse mesmo grupo de pesquisa diferença significativa quando comparados ao grupo controle de participantes que também tiveram COVID-19 a nível ambulatorial (p < 0,05), indicando que esses marcadores permanecem alterados significantemente em pacientes que internaram na UTI após a alta hospitalar. Vários estudos apontaram os marcadores avaliados nesse trabalho como possivelmente alterados na fase aguda da COVID-19, predizendo a forma grave da doença. Não foi estabelecido após uma análise multivariada uma correlação entre o FvW:Ag e FVIII continuamente alterados após a alta hospitalar e o tempo em que os pacientes ficaram internados. Entretanto, o DD alterado após a alta demonstrou correlação positiva com o aumento do tempo de internação dos pacientes, corroborando com outros estudos.
ConclusãoA endoteliopatia por infecção endotelial direta com SARS-CoV-2 e os danos indiretos causados pela inflamação desempenham o papel predominante no desenvolvimento e agravamento da COVID-19. As consequências do desbalanceamento do sistema pró e anti trombótico estão relacionados com o tempo de internação dos pacientes. A COVID-19 longa, na fase pós-aguda, é uma síndrome caracterizada pela persistência dos sintomas clínicos além de quatro semanas do início dos sintomas agudos e pode estar associada a resquícios da endoteliopatia causada pela infecção.