Introdução: A Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro (DECH) é considerada uma das maiores complicações do transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) alogênico. Podem apresentar alterações clínicas importantes e uma redução na taxa de sobrevida dos pacientes. Em cavidade oral se apresentam como lesões eritematosas, estrias esbranquiçadas e/ou úlceras, que podem ser bastante dolorosas causando uma redução na dieta por via oral, e aumentando a predisposição à infecções oportunistas impactando diretamente na qualidade de vida. Objetivo: Este trabalho visa relatar um caso de DECH crônico em paciente que foi submetida ao TCTH alogênico e desenvolveu severas lesões em cavidade oral, com repercussões diretas na qualidade de vida. Relato de caso: Paciente J.S.S., feminino, 28 anos, com diagnóstico de Linfoma de Hodgkin submetida ao TCTH autólogo em 2014. Após 3 anos apresentou novos sintomas e foi detectada atividade neoplásica em foco linfonodal e pulmonar. Foi submetida à imunoterapia mas apresentou nova progressão de doença e foi submetida ao TCTH alogênico aparentado haploidêntico em 2018. Apresentou DECH aguda em TGI alto e baixo no D+5 sendo medicada com entocort associada a metilpred, com melhora do quadro. Após 4 meses, a paciente procurou a emergência do serviço com lesões em região perioral/cavidade oral com sintomatologia dolorosa intensa, dificultando a alimentação e fonação. À oroscopia, apresentava lesões crostosas nos lábios e úlceras recobertas por membrana de fibrina em borda de língua e mucosa jugal bilateralmente. Após realização de biópsia incisional, foi diagnosticada com DECH grau 2 (NIH) e medicada com propionato de clobetasol 0,05% para aplicação tópica. Após 15 dias de uso da medicação, houve remissão das lesões e paciente conseguiu aumentar ingesta de alimentos por via oral e melhora da qualidade de vida. Conclusão: As manifestações orais da DECH refletem na morbimortalidade dos pacientes transplantados, causando perda de peso e desnutrição quando não diagnosticadas e tratadas precocemente. Assim, é fundamental a presença de um cirurgião-dentista capacitado para acompanhar, realizar um diagnóstico precoce e auxiliar no tratamento desses casos.