Introdução: A hiperglicemia é uma complicação frequentemente associada à quimioterapia anti-neoplásica, com prevalência variando de 10% a 20% dos casos. Dentre as neoplasias hematológicas, a Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) é, atualmente, a mais relacionada à hiperglicemia, principalmente devido a utilização de esquemas quimioterápicos contendo glicocorticoides e L-asparaginase, na fase de indução de remissão da neoplasia. Objetivo: Compreender o mecanismo molecular pelo qual os glicocorticoides e L-asparaginase estão associados à hiperglicemia, na fase de indução de remissão da LLA; identificar condutas realizadas em diferentes centros de referência de tratamento de leucemias agudas para o manejo de hiperglicemia secundária ao esquema quimioterápico; analisar o papel dos agentes hipoglicemiantes e avaliar benefícios advindos da sua utilização nos pacientes do grupo em questão. Metodologia: Foi conduzida uma revisão integrativa da literatura, a partir de estudos indexados nas bases de dados PubMed, EMBASE, SciELO, Cochrane Library e MedLine, publicados no período de 2000 a 2020. As buscas foram realizadas com base nas palavras-chave e MeSH terms “hyperglycemia”, “Acute Lymphoblastic Leukemia”, “management”e “treatment”para otimizar a seleção de artigos. Resultados: As drogas de indução de remissão da LLA, como os glicocorticoides e L-asparaginase, estão intimamente relacionadas a ocorrência de hiperglicemia. Além disso, em razão de as maiores taxas desse efeito colateral ocorrerem em pacientes maiores de 10 anos e naqueles com Síndrome de Down e envolvimento de SNC, questiona-se a aplicabilidade de hipoglicemiantes orais, assim como os benefícios decorrentes de seu uso “off-label”. Dessa forma, medicamentos antidiabéticos – como Metformina, Inibidores da Dipeptidil Peptidase-4 (DPP-4) e análogos da Glucagon-Like Peptide-1 (GLP-1) – estão sendo amplamente estudados no intuito de identificar suas possíveis contribuições para o manejo do efeito colateral em questão, visto seu potencial de, além de regularizar a glicose sérica, contribuir sinergicamente com os agentes quimioterápicos – uma vez que também possuem efeitos antitumorais. Além disso, existem poucos estudos publicados sobre o manejo baseado em evidências da hiperglicemia durante a terapia anti-neoplásica. Dessa forma, embora ainda não haja um manejo ideal da hiperglicemia secundária à quimioterapia de indução de remissão da LLA nem um consenso sobre o mecanismo molecular envolvido em seu processo, este estudo instiga a necessidade da elaboração de ensaios clínicos randomizados, para determinar e quantificar os resultados e benefícios das medicações antidiabéticas na população em questão. Conclusão: O reconhecimento precoce e o manejo adequado da hiperglicemia são extremamente importantes na prevenção de complicações agudas. Além disso, a hiperglicemia, durante a quimioterapia de indução de remissão da LLA, tem sido associada ao aumento de infecções e à redução das taxas de sobrevida livre de doença. A incorporação de agentes antidiabéticos nos esquemas de quimioterapia para o manejo da hiperglicemia aparenta-se promissora, visto seu baixo custo e efeitos antitumorais associados. No entanto, somente com a realização de estudos clínicos será possível desenvolver resultados e estabelecer diretrizes e protocolos que determinem o correto manejo desse efeito colateral.
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