HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosLinfomas Cutâneos de Células T (LCCT) são neoplasias não Hodgkin pouco incidentes, marcados pelo acúmulo de células T na pele. A Micose Fungóide (MF) e a Síndrome de Sezary (SS) são subtipos caracterizados por lesões como placas, manchas e tumores, além de eritrodermia, podendo haver acometimento sistêmico de sangue e linfonodos. Podem ser classificados quanto ao estágio clínico pelo sistema TNM ou de I a IVB, sendo este último a forma mais grave. O Transplante de Células-Tronco Hematopoiéticas Alogênico (Alo-TCTH) se apresenta como terapia alternativa para tratamento de LCCT em estágios avançados ou refratários.
ObjetivosAnalisar, através de revisão da literatura, a estratégia de utilização da terapia de Alo-TCTH nos LCCT avançados.
Material e métodosTrata-se de uma revisão narrativa, com pesquisa nas bases de dados PubMed e LILACS, de trabalhos publicados nos últimos 5 anos. Foram utilizados os descritores “Cutaneous T cell lymphomas”, “Allogeneic stem cell transplant” e “therapy”. Incluídos estudos na íntegra, ensaios clínicos, relatos de caso, meta-análises e revisões de acordo com o tema do estudo. Os critérios de exclusão foram artigos não disponíveis gratuitamente, língua diversa do inglês, estudos em animais e com tema divergente da proposta.
Discussão e conclusãoDezenove artigos foram identificados e, após triagem, 6 foram selecionados. Os LCCT com diagnóstico precoce podem ser tratados com imunoterapia, radioterapia, quimioterapia, fototerapia e entre outros, porém, em estágios mais avançados ou refratários da doença, o Alo-TCTH se mostra uma opção plausível, tendo em vista ser o único tratamento curativo. Pacientes nos estágios IIB a IV que respondem à quimioterapia de resgate podem ser elegíveis ao transplante, com possibilidade de remissão e sobrevida livre de progressão de 26% em 5 anos. O Alo-TCTH é feito com regimes de condicionamento de intensidade reduzida e células-tronco do sangue periférico. Recidivas podem ser tratadas com terapias como feixe de elétrons de pele total, que é uma importante estratégia preparatória em MF e SS. Entretanto, é fundamental considerar o aumento da morbimortalidade associado às potenciais complicações do Alo-TCTH, como a Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro e a recidiva do LCCT após o transplante. Apesar dos riscos, o Alo-TCTH representa uma alternativa terapêutica relevante para estágios avançados ou refratários do LCCT, principalmente por ser, até o momento, a única abordagem potencialmente curativa. Sua indicação deve ser individualizada, considerando-se o estado clínico do paciente e a resposta prévia ao tratamento. Novos estudos mais amplos com maior tempo de follow-up são necessários para refinar os critérios de elegibilidade e otimizar os resultados clínicos dessa intervenção promissora.
Referências:
Morgenroth S, Beyer M, Zettl H, Meiss F, Sander C, Assaf C, et al. What is new in cutaneous T cell lymphoma? Curr Oncol Rep. 2023;25(11):1397-408. doi:10.1007/s11912-023-01492-0.
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Lechowicz MJ, Kim SJ, Ishida T, Tsukasaki K, Foss FM, Querfeld C, et al. Allogeneic hematopoietic stem cell transplantation after mogamulizumab in T-cell lymphoma patients: a retrospective analysis. Int J Hematol. 2024;119(6):736-44. doi:10.1007/s12185-024-03726-6.
Stranzenbach R. How do we treat cutaneous T-cell lymphoma? Ital J Dermatol Venereol. 2021;156(5):–. doi:10.23736/S2784-8671.21.07268-0.




