
Ao longo do trato gastrointestinal, o duodeno configura-se como um local infrequente de apresentação de linfomas não-Hodgkin. A apresentação clínica e prevalência diferem com base no subtipo. Dentre os subtipos, o linfoma duodenal folicular é o mais comum (41.1%) e comumente diagnosticado acidentalmente por Endoscopia Digestiva Alta (EDA) (1). Geralmente o linfoma afeta a parte descendente do duodeno, com lenta progressão e poucos sintomas (2). Este artigo apresenta um caso de linfoma duodenal folicular primário em um hospital de Santa Catarina.
Relato de casoHomem de 42 anos realizou EDA em junho de 2019 para elucidação de dispepsia intensa, a qual apresentou irregularidade em mucosa duodenal. Desta forma, foi realizado biópsia (BX) e anatomopatológico, cujo resultado demonstrou infiltrado linfoide atípico na mucosa duodenal. Em seguida, o exame imuno-histoquímico (IHQ) confirma a presença de linfoma duodenal folicular primário grau 1/ 2 e a expressão positiva de Ki67 (10%), CD10, CD20 e BCL-2. Tomografia computadorizada cervical, torácica e abdominal foram realizadas e indicaram ausência de linfonodomegalia. A BX de medula óssea demonstrou ausência de infiltração. Em função da sintomatologia apresentada pelo paciente, optou-se por esquema quimioterápico com Rituximabe 375mg por semana durante 4 semanas e acompanhamento de EDA de 6 em 6 meses. O tratamento mostrou-se eficaz com resolução dos sintomas. A partir disso, a EDA para acompanhamento realizada em abril de 2024 apresentou área de mucosa brancacenta duodenalRealizada biópsia da área afetada e exame confirmou a primeira recidiva do linfoma duodenal folicular primário estadio IA, em abril de 2024. Por fim, optou-se por observação e reavaliação do linfoma em 3 meses.
DiscussãoDe forma geral, o linfoma duodenal folicular é considerado uma neoplasia rara na literatura. 436 casos foram identificados entre 1998 e 2015 em estudo populacional dos Estados Unidos baseado no programa Surveillance, Epidemology, and End Results (SEER) (3). No entanto, a baixa prevalência, baixo n amostral de estudos prévios e mau prognóstico em comparação a outros linfomas gastrointestinais (2-3) demonstram a importância de mais estudos acerca da neoplasia.
ConclusãoO linfoma duodenal folicular é um sítio extranodal raro de apresentação. Devido sua evolução lenta pode-se adotar uma conduta expectante. No entanto, deve-se considerar tratamento ativo com base na sintomatologia e extensão da doença.