Introdução: O linfoma de Hodgkin (LH) é uma neoplasia linfoproliferativa definida histopatologicamente pela presença de células neoplásicas de morfologia variada, denominadas Reed-Sternberg. O LH corresponde a aproximadamente 10% de todos os linfomas e cerca de 0,6% dos cânceres. O diagnóstico é feito através da biópsia excisional de linfonodo para exame histopatológico com imunohistoquímica e o exame PET/CT é padrão ouro para avaliação inicial desses pacientes. O estadiamento pode ser realizado de acordo com a classificação de Ann Arbor, que classifica os pacientes de acordo com o grau de envolvimento linfonodal. Relato de caso: Mulher, 28 anos, apresentou em janeiro de 2018 quadro de linfonodomegalia cervical. Exame histopatológico da biópsia de linfonodo evidenciou LH clássico de celularidade mista, estadiamento III de Ann Arbor. Iniciou-se esquema de quimioterapia com doxorrubicina, vinblastina e dacarbazina (paciente tratada em período de desabastecimento de bleomicina no Brasil), no entanto - após exames de avaliação de resposta (exame físico, tomografias e biópsia de linfonodo cervical) foi evidenciada refratariedade da doença e confirmado diagnóstico inicial de linfoma de Hodgkin clássico. Até o momento mantém refratariedade ao tratamento e sinais de progressão de doença, incluindo infiltração difusa de medula óssea confirmados por PET CT e biópsia de medula óssea - mesmo após várias linhas de terapias de resgate, que incluíram ICE, DHAP, IGEV e brentuximab. Esquemas esses não isentos de toxicidade, onde se destacam neutropenia muito grave com necessidade de associação de fator estimulador de colônias de granulócitos, poli transfusão de hemocomponentes e sinais importantes de neurotoxicidade a ifosfamida. Paciente iniciando recentemente tratamento com anti PD1 - Nivolumab, que demonstra boa resposta nos estudos atuais a fim de propiciar remissão da doença e condições para transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH). Discussão: O LH é uma neoplasia que geralmente apresenta bom prognóstico, com expectativa de sobrevida em longo prazo de 85%, mesmo em pacientes com doença avançada. Atualmente, seu tratamento tem como base a poliquimioterapia, radioterapia, anticorpos monoclonais e o TCTH, os quais podem ser utilizados de maneira isolada ou combinada. A terapêutica clássica geralmente consiste na poliquimioterapia, sendo o esquema mais utilizado o ABVD. Mesmo com a alta probabilidade de sucesso do tratamento de primeira linha, cerca de 10% dos pacientes com LH desenvolvem doença refratária, como é o caso da paciente relatada, que não entrou em remissão em momento algum. Assim, inicia-se outras opções de tratamento, utilizando esquemas multidrogas e brentuximabe vedotina (anticorpo monoclonal direcionado a CD30) como opção terapêutica, mas que até o momento não surtiram efeito para a remissão da doença da paciente em questão, confirmando o curso sombrio da doença refratária ainda nos dias atuais. Conclusão: Diferente da maior parte dos LH clássicos que apresentam bom prognóstico, o LH refratário possui baixas taxas de sobrevida global. O caso clínico relata sobre paciente que se mantém refratária as diversas linhas de tratamento implementadas até o momento, mas devemos destacar que se trata também de uma paciente jovem e em boas condições clínicas em que devemos buscar por causas de refratariedade, novos tratamentos e estudos clínicos.
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