Introdução: Lesões dermatológicas são relatadas em diversas neoplasias hematológicas. Podem ser detectadas como primeiro sinal da doença ou até mesmo ser um indicativo de doença avançada. Lesões cutâneas associadas ao Linfoma de Hodgkin (LH) podem ocorrer em 17% a 53% dos pacientes e geralmente são achados paraneoplásicos, uma vez que LH cutâneo é raro (0,5-3,4%). Lesões de pele que foram descritas em associação com o LH incluem ictiose, acroceratose (síndrome de Bazex), urticária, eritema multiforme, eritema nodoso, lesões necrosantes, hiperpigmentação e infiltração de pele. Exposição do caso: Masculino, 24 anos, previamente hígido, há 6 meses apresentava quadro de lesões cutâneas máculo-papulares, eritematosas, difusas em todo corpo, com acometimento palmoplantar, de lábios e pálpebras, associado a poliartralgia, febre diária e perda ponderal de 12 kg no período. Estava em acompanhamento na reumatologia há 5 meses e não apresentou resposta ao tratamento com corticosteróides. Foram identificados linfonodos palpáveis em cadeias cervical, axilar e inguinal medindo entre 1-1,5 cm de consistência móvel e fibroelástica, corroborados em PET-TC que evidenciou ainda linfonodomegalias abdominais, mediastinais e peri-hilares, além de nódulos pulmonares com consistência de partes moles. Não havia comprometimento de medula óssea. Realizada biópsia de linfonodo cervical e imunohistoquímica que foram compatíveis com Linfoma de Hodgkin, esclerose nodular. Em sua primeira consulta com a hematologia, apresentava hemoglobina de 9,5 mg/dL, leucócitos de 3.700/mm3 (segmentados 2.553/mm3 e linfócitos 592/mm3), albumina de 1,6 g/dL, DHL de 283 UI/L (elevado), VHS 138 mm e sorologias para hepatites B, C, HIV e sífilis negativas. Definido LH estágio IVB, IPS 5. Iniciou tratamento com protocolo ABVD e, após o 1° ciclo, houve melhora importante das lesões cutâneas. Discussão/Conclusão: O caso relatado demonstra erupção maculo-papular difusa, simétrica, envolvendo todo o tronco e extremidades, incluindo palmas e plantas, que lembram o acometimento cutâneo da sífilis secundária. Além disso, lesões cutêneas e poliartralgia podem ser encontradas em doenças autoimunes, como vasculites e colagenoses. Outro possível diagnóstico seriam as farmacodermias. Tais hipóteses foram descartadas com a testagem sorológica realizadas durante investigação diagnóstica e o paciente não estava em vigência de uso de medicamentos. Esse acometimento nos LHs vai ao encontro da literatura, com poucos casos relatados de acometimento dermatológico e, entre aqueles que tem apresentação, são casos avançados e de prognóstico reservado. Um estudo em centro referenciado dermatológico da Universidade de Gênova avaliou 60 pacientes com acompanhamento onco-hematológico e acometimento cutâneo. Dentre os casos avaliados apenas 2 eram decorrentes de LH. Um estudo do MdAnerson identificou 1.049 pacientes com LH, destes 45 (4,3%) tinham manifestações cutâneas paraneoplásicas associadas ao LH, e apenas 3 tinham LH cutâneo (0,3%). As manifestações cutâneas paraneoplásicas mais comuns foram eczema (40%) e prurido (37,8%). Tanto as lesões paraneoplásicas como o LH ctunâneo apresentam resposta ao tratamento quimioterápico do LH. Como nesse caso, deve-se consiederar no diagnóstico diferencual de lesões cuntâneas, as síndromes paraneoplásicas, o que é importante para se evitar atrasos no diagnóstico.
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