
Os avanços terapêuticos permitiram um aumento na sobrevida de pessoas com neoplasias malignas nas últimas décadas. Contudo, o tratamento destas doenças aumentou o risco futuro de leucemias com alta resistência aos tratamentos antineoplásicos com elevada mortalidade.
ObjetivosRevisão sobre etiologia e prevalência de leucemias secundárias ao tratamento antineoplásico.
Materiais e métodosTrata-se de uma revisão da literatura. Foi realizada uma busca nas bases de dados: EBSCO, Scielo-Brasil, Lilacs e MedLine/Pubmed; utilizando os seguintes descritores: instabilidade genômica, instabilidade de microssatélites, leucemias secundárias, leucemias associadas ao tratamento em língua vernácula e em inglês. Os critérios de inclusão foram publicações nos últimos 40 anos sobre leucemias secundárias ao tratamento antineoplásico. Foram excluídos: leucemias de outras etiologias, cartas ao editor, relatos de caso, outras temáticas.
ResultadosForam obtidos inicialmente 2151 artigos, dos quais 138 foram selecionados. As neoplasias primárias mais prevalentes foram as sólidas (53%) sendo o câncer de mama o mais prevalente representando 40% dos casos. A quimioterapia foi o tratamento mais realizado, na qual os agentes alquilantes e inibidores de topoisomerase II foram os antineoplásicos mais associados aos casos de neoplasias secundárias. Entre as neoplasias secundárias ao tratamento, as leucemias linfoides agudas foram mais observadas. Em relação às alterações cromossômicas, se destaca a translocação associada ao gene MLL. Na avaliação de alterações genéticas o gene de reparo TP53 é o mais frequentemente avaliado nos trabalhos.
DiscussãoMuitos casos de leucemias secundárias foram observados, especialmente em mulheres previamente tratadas para câncer de mama, tendo 32 casos descritos. A alta incidência populacional deste câncer, associada a um tratamento com combinações de quimioterápicos contendo agentes alquilantes justifica essa incidência elevada especialmente neste grupo. O uso de agentes alquilantes cujo mecanismo consiste na criação de aductos no DNA das células associado a mutações no gene de reparo TP53 se constitui de um cenário que propicia o surgimento de neoplasias secundárias. Diante da elevada taxa mitótica, as células da medula óssea são bastante suscetíveis a esta modalidade terapêutica. As alterações cromossômicas que levam à fusão do MLL1 concorrem para o aumento da proliferação medular que explicaria o surgimento de mielodisplasias e leucemias agudas.
ConclusãoAs quimioterapias com alquilantes e inibidores de topoisomerase II foram as mais associadas com o surgimento da segunda neoplasia, a qual a leucemia linfoide aguda foi a mais prevalente. É inegável que a quimioterapia trouxe avanços à medicina, porém com o aumento da sobrevida, devemos nos preocupar em prevenir ou diagnosticar precocemente as leucemias secundárias.