
O diagnóstico de câncer durante a gestação é uma condição de alto risco a saúde da gestante, podendo causar repercussões emocionais, além de grande preocupação aos profissionais de saúde envolvidos no acompanhamento da paciente relacionado, à conduta terapêutica e ao prognóstico, sendo necessário avaliar o risco materno e as consequências para o feto, bem como as repercussões para o futuro reprodutivo da mulher.
ObjetivoRelatar a experiência de Enfermeiros Oncologistas na assistência de uma paciente diagnosticada com Leucemia Mieloide Aguda grávida no segundo trimestre da gestação em um hospital de referência no estado do Ceará.
MétodoEstudo descritivo, tipo relato de experiência vivenciado por enfermeiros oncologistas em um hospital público terciário em Fortaleza-CE.
ResultadosPaciente de 17 anos, gestante (IG:18s5d) com diagnóstico de LMA, apresentou mielograma com 39% de blastos. Hemograma inicial mostrou leucocitose com 10% de blastos e plaquetopenia. A equipe de saúde conversou com a paciente e familiares sobre a gravidade do quadro e chances de desfecho desfavorável da gestação, e que o tratamento da doença requer urgência com risco de morte para a paciente. A paciente e os responsáveis entenderam os riscos associados a tal condição, tendo optado pela não interrupção da gestação. Iniciada administração pelos enfermeiros da citorredução com hidroxiureia 3 g/d e citarabina conforme prescrição médica, por leucocitose importante. Realizada administração do protocolo quimioterápico de indução (7+3 DAUNO 90) e MADIT. Após administração do protocolo foi realizado novo mielograma evidenciando 3% de blastos, tendo a paciente atingido a remissão citomorfológica com doença residual mínima negativa. Em ultrassonografia obstétrica evidenciou embrião vivo, bulhas cardiofetais presentes, porém com restrição de crescimento. Não foi indicada interrupção da gestação pela equipe, pois a idade gestacional já estava em 22 semanas. Paciente foi acompanhada durante toda a gestação, tendo dado continuidade ao tratamento. A criança nasceu sem nenhuma malformação ou condições patológicas identificadas ao nascimento. A mãe recebeu alta por remissão completa da doença. Seguindo em acompanhamento ambulatorial. Destaca-se o grande dilema vivenciado por toda a equipe multiprofissional ao ter que decidir um tratamento que reduzisse o máximo do risco a vida da adolescente, assim como garantir o mínimo de segurança para o feto, considerando a escolha da gestante pela não interrupção da gestação.
ConclusãoÉ importante a atuação de equipe multidisciplinar com participação multidisciplinar e multiprofissional com: obstetras, pediatras, hematologistas, psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiros e assistente social que, em conjunto, devem considerar o estágio e agressividade do câncer, a idade gestacional, os fatores maternos e fetais associados, bem como respeitar as autonomia da paciente, após orientação clara e objetiva na tomada de decisões sobre as condutas propostas.Os enfermeiros Oncologistas tiveram um papel extremamente importante em todas as etapas do tratamento, ao orientar sobre o tratamento, sobre as possíveis complicações, ao administrar os antineoplásicos e monitorar intensivamente os possíveis efeitos colaterais, além de acolher a gestante de forma empática.