Objetivo: Conhecer o cenário e as dificuldades no tratamento da Leucemia Mielóide Aguda (LMA) nas instituições brasileiras. Métodos: Foi realizada pesquisa descritiva através do envio de questionário online de múltipla escolha aos oncologistas pediátricos associados da SOBOPE (Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica), baseado na percepção individual dos participantes, sem identificação das respectivas instituições. Foram analisadas as seguintes variáveis: quantitativo da equipe médica/multidisciplinar e de leitos disponibilizados, acesso a exames, quimioterápicos, antibióticos, antifúngicos, transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH), cuidados intensivos e demais itens relacionados à terapia e suporte. E de forma dicotômica foi investigado o interesse dos médicos em participar de protocolo e grupo de estudo nacional. Resultados: O questionário foi respondido por 101 oncologistas pediátricos de acordo com seu entendimento pessoal. Todas as regiões do Brasil foram representadas, sendo 37,6% participantes da região sudeste, 23,8% sul, 18,8% nordeste, 12,9% norte e 6,9% cento-oeste. Observamos que: a taxa de mortalidade por complicações do tratamento é superior a 31% na visão de 21,8% dos entrevistados. A dificuldade de acesso à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é relatada por 43,6%. Quanto ao acesso aos exames para diagnóstico: 84,2% tem acesso a citogenética, 78,2% a biologia molecular, 94,1% a pesquisa de DRM por citometria de fluxo. O acesso ao TCTH é uma realidade para 75,3% dos entrevistados, seja no próprio serviço ou em outros locais de referência, porém para apenas 13,9% ocorre sem atrasos. Faz-se necessária a criação de um protocolo de tratamento nacional para 94,1% sendo que 91,1% estariam dispostos a colaborar com um grupo de estudo nacional. Discussão: O tratamento da LMA ainda é um grande desafio a ser enfrentado em todo o mundo. Para países em desenvolvimento como o nosso, este é um desafio ainda maior somado à carência de dados publicados sobre essa realidade a ser enfrentada. Recentes revisões nacionais publicadas apontaram sobrevida global (SG) e sobrevida livre de eventos (SLE) para a LMA variando em torno de 20% a 55%. Sabe-se que a melhora nos índices de sobrevida dessa enfermidade, ao longo dos anos, é devido a um melhor suporte oferecido a esses pacientes, uma melhor classificação de risco da doença e acesso ao TCTH no momento adequado. De acordo com os entrevistados, um quarto dos pacientes não tem acesso ao TCTH e para aqueles que tem acesso, este ocorre com atrasos. Quase metade dos pacientes não tem acesso à UTI. Através da percepção dos médicos atuantes na linha de frente, conseguimos compreender melhor a dimensão desse problema em cada região do país, para assim, elaborar uma proposta de estudo e trabalho colaborativo, interesse este que foi relatado por quase todos participantes do estudo. Conclusão: Os melhores resultados terapêuticos na LMA são alcançados através da integração de quimioterapia intensiva, atendimento de suporte ideal e TCTH, adaptado ao risco de recaída de cada paciente. Somente através do conhecimento das condições de tratamento para esta doença em nosso país, será possível adotar medidas com impacto na sobrevida destes pacientes, e propor um protocolo nacional para seu tratamento.
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