Introdução: A Leucemia Linfóide Crônica (LLC) corresponde a doença linfoproliferativa crônica mais comum, acometendo principalmente indivíduos idosos. Caracteriza-se por linfocitose monoclonal com expressão concomitante de CD5 e CD20, originada na medula óssea, com envolvimento de sangue periférico, linfonodos, fígado e baço. Frequentemente, o diagnóstico é feito em pacientes assintomáticos, que apresentam linfocitose persistente em hemograma, através de imunofenotipagem. Em geral, a LLC se comporta como doença medular e nodal mas, em alguns casos, pode apresentar um quadro extranodal e, raramente, envolvimento SNC. Objetivo: o objetivo desse estudo foi relatar um caso de LLC com linfocitose e linfonodomegalias, mas também com comprometimento inicial de SNC, o que é raro. Material emétodo: Trata-se de um estudo descritivo baseado na análise de prontuário do paciente. Relato de caso: paciente de 58 anos, sexo masculino, internado após traumatismo crânio encefálico leve, evoluindo com abaulamento posterior em região parietal direita, que se revelou secundário a lesão expansiva intracraniana com infiltração óssea e expansão extracraniana ao exame de imagem. Foi ressecada e submetida a AP e IMH, que mostraram proliferação linfóide com CD5 e CD20 positivos, compatível com LLC/Linfoma Linfocítico. Também foram observadas linfocitose em sangue periférico e manchas de Gumprecht, e resultado da imunofenotipagem apontou CD45, CD19, CD5 e CD20+, compatíveis com LLC. O paciente foi submetido a radioterapia local com dose total de 4500cGy, com redução da massa craniana. Porém, evoluiu com rápido aumento dos linfonodos cervicais e axilares, além de esplenomegalia, hipercalcemia, hiperuricemia e insuficiência renal com necessidade de hemodiálise. Foi realizada biópsia de linfonodo cervical e iniciada quimioterapia com Fludarabina e Ciclofosfamida com boa resposta inicial. O resultado da biópsia revelou Linfoma Não Hodgkin de grandes células B, configurando Síndrome de Richter, sendo proposto novo tratamento com RCHOP. Discussão e conclusões: LLC com envolvimento do SNC são reportados em apenas 1% dos pacientes, e como apresentação inicial é uma manifestação ainda mais incomum, porém deve ser considerado quando pacientes apresentarem sinais/sintomas neurológicos, embora outras etiologias possam ser o fator causal. Considerando que a análise liquórica apresenta baixa especificidade, recomenda-se a biópsia da lesão para confirmação diagnóstica. Nosso paciente apresentou infiltração parenquimatosa de SNC ao diagnóstico, o que é extremamente incomum. No entanto, um extenso estudo de autópsias revelou envolvimento cerebral e leptomeníngeo em 20% e 8% dos casos, respectivamente, sugerindo que o envolvimento do SNC em pacientes com LLC é subdiagnosticado, mostrando que envolvimento assintomático é muito mais prevalente. Em outro estudo, entre 67 pacientes com LLC que apresentavam envolvimento SNC, somente 1 apresentou doença em SNC como sintoma inicial. O melhor tratamento para esses pacientes não é claro, embora a maioria seja submetida a quimioterapia intratecal com ou sem radioterapia (boas respostas quando infiltração de parênquima) ou quimioterapia sistêmica. A mediana de sobrevida global é de 12 meses, muito inferior àqueles que não apresentam acometimento SNC. O diagnóstico da transformação (Síndrome de Richter) prejudica ainda mais o prognóstico deste paciente.
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