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Vol. 43. Núm. S1.
Páginas S160 (Outubro 2021)
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LEUCEMIA CONGÊNITA: RARA E TEMIDA DESORDEM ONCOHEMATOLÓGICA – RELATO DE CASO
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FGA Gonçalves, E Delbuono, NS Santos, SRC Toledo, MG Carvalho, AVL Sousa
Grupo de Apoio à Criança e ao Adolescente com Câncer (GRAACC), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
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As leucemias congênitas, correspondem a menos de 1% das leucemias na infância e as anormalidades genéticas são o epicentro para a compreensão da regulação da hematopoiese. As diversas translocações com gene KMT2A ocorrem no período intrauterino, como principal gatilho leucemogênico, conferindo prognóstico reservado nesse subgrupo de leucemia, chamada de congênita ou neonatal, pelo surgimento nos primeiros 28 dias de vida. Relato de caso: recém-nascido, a termo, de parto cesárea por macrossomia, com 2 dias de vida, sexo masculino, com pais não consanguíneos e ausência de infecções maternas no pré-natal. Ao nascer, ausência de estigmas sindrômicos, com nódulos cutâneos violáceos em membros, tronco e face, com hepatoesplenomegalia e nodulação hiperemiada em pálpebra superior direita; testículos normais. Na triagem infecciosa, o hemograma demonstrou leucometria de 364.000/mm3, bicitopenia, com 75% de blastos, com subtipo morfológico LMA com maturação (French-American-British – FAB M2); imunofenotipagem evidenciou marcadores positivos: CD45, CD13(parcial), CD64(parcial), MPO, CD33; marcadores negativos: CD34, CD117, CD14, HLA-DR, NG2, CD19, cCD3. No cariótipo, achado de 46,XY,t(11;19)(q23;p13)[19}/46,XY[1]. Recebeu citorredução com hidroxiureia e citarabina em baixas doses, seguido do Protocolo AML BFM 2004 High Risk, com remissão completa da leucemia cutis e do cloroma palpebral, com resposta morfológica após 2 ciclos indutórios.

Discussão

Leucemia congênita em 2/3 dos casos tem linhagem mieloide com características de alto risco de evolução desfavorável como leucometria superior a 50.000/mm3, acometimento do sistema nervoso central, e associação com rearranjo do gene KMT2A. A leucemia cutis é a apresentação clínica peculiar nesse subgrupo de doença, e pode haver remissão espontânea. O marcador imunofenotípico NG2, associado à elevada sensibilidade ao rearranjo com gene KMT2A foi ausente, embora com achado genético de KMT2A-MLLT1. A translocação t(11;19)(q23;p13) é encontrada em uma variedade de malignidades hematológicas, mas a maioria em LMA M4 ou M5, pelos critérios FAB. A probabilidade de sobrevida livre de eventos (SLE) em 5 anos variade 32-54% para pacientes com LMA com rearranjo KMT2A. O prognóstico depende do parceiro gênico na translocação, aberrações citogenéticas adicionais e resposta precoce ao tratamento. Embora a sobrevida de pacientes com t (11; 19) seja geralmente baixa, há algumas evidências de que crianças mais velhas com t (11; 19) têm um bom prognóstico e maior sobrevida. Nas leucemias congênitas, com escassez de séries de casos, diversos rearranjos gênicos com KMT2A são descritos, sendo t(4;11)(q21;q23), KMT2A-AFF1, com pior desfecho. O paciente concluiu o tratamento proposto e mantem-se em remissão clínica, sem doador aparentado.

Conclusão

A leucemia aguda congênita é uma doença rara e diagnosticada nos primeiros 28 dias de vida. As taxas de sobrevida de aproximadamente 25% em 2 anos, permanecem insatisfatórias, apesar de vários protocolos de tratamento, e não há consenso para o manejo ideal desses pacientes gravemente doentes. Ressalta-se a gravidade desse subtipo de leucemia e a importância do reconhecimento da leucemia cutis como diagnóstico diferencial de lesões cutâneas no período neonatal.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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