Objetivo: Relatar o caso de um homem com HCL, que desenvolveu meningoencefalite infecciosa por Listeria monocytogenes, resumindo as características clínicas, o tratamento, as manifestações e o controle desse paciente. Relato de caso: Homem, 59 anos, pecuarista, portador de hipertensão arterial sistêmica há 5 anos tratada e diagnóstico de tricoleucemia há 1 ano, a partir de análise imunohistoquímica de esplenectomia terapêutica, sem tratamento quimioterápico instituído previamente. Relata contato diário com bovinos e ingesta de leite cru. Apresentou-se ao serviço de emergência com queixa há 3 dias de cefaleia frontal intensa progressiva, associada a febre e vômitos em jato que evoluiu com desorientação temporo-espacial, disartria e agitação psicomotora intercalada por rebaixamento do nível de consciência, no exame físico com sinais de irritação meníngea. Foi internado em Unidade de Terapia Intensiva, com início de cobertura ampliada com Aciclovir, Anfotericina, Ampicilina e Meropenem e submetido a intubação orotraqueal com ventilação mecânica. Exames complementares, evidenciaram SpO2: 96%, pH: 7,53; pCO2: 26,7 mmHg; Bicarbonato: 22,7 mEq/L; lactato: 8 mmol/L; ureia: 64 mg/dL; creatinina: 1,4 mg/dL; Hb: 7,4 g/dL; Ht: 24,4%; plaquetas: 240.000; Leucócitos: 1.760; neutrófilos: 809; bastonetes: 35; linfócitos: 899; eosinófilos: 17; TGO: 41 U/L; TGP: 37 U/L. Realizada Tomografia computadorizada de crânio sem alterações aparentes. Sorologias para Hepatites, HIV e Sífilis não reativas; Albumina: 3,69 g/dL; Globulina: 4,11 g/dL sem pico monoclonal de gamaglobulina. Realizadas coletas de líquor, evidenciando: aspecto semiturvo, amarelado, pressão inicial de 520 mm de água, glicose: 41 mg/dL; proteínas: 38 mg/dL; 300 células por ml (45% polimorfonucleares; 55% mononucleares). À cultura do líquor e de hemoculturas de sangue periférico revelou a presença de Listeria monocytogenes, cujo antibiograma motivou terapia específica com meropenem em monoterapia. Desenvolveu ainda durante internação quadro de insuficiência respiratória por pneumonia nosocomial com necessidade de traqueostomia, além de colite pseudomembranosa tratada com Metronidazol IV e Vancomicina entérica. Recebeu alta no 50°DIH após culturas negativas, em terapia com Interferon, recuperação neurológica completa, fisioterapia respiratória e seguimento ambulatorial. Discussão e conclusão: A leucemia de células pilosas (HCL) é uma neoplasia de células B descrita primeiramente em 1958. É uma doença linfoproliferativa marcada por células com projeções vilosas circunferenciais, no sangue periférico e medula óssea. Consequentemente, têm-se fibrose de medula óssea, esplenomegalia, além de pancitopenia e risco aumentado de infecções. Apesar das infecções serem comuns nestes pacientes, neuroinfecções são raras. Uma revisão sistemática advertiu sobre o risco de infecção neurológica por Listeria sp. em pacientes com HCL, relacionando a esplenectomia, quimioterapia e corticoterapia concomitante com o desenvolvimento da infecção, tanto neurológica exclusiva quanto com bacteremia. Contudo, não associando a infecção à terapia com cladribina. Dessa forma, é importante atentar para complicações incomuns, principalmente quando se trata de pacientes que possuem fatores de risco adicionais, a exemplo de pacientes esplenectomizados, ampliando assim o diagnóstico diferencial de forma a assegurar um desfecho favorável.
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