A gestão eficaz de equipamentos clínicos em hemocentros é fundamental para garantir a qualidade dos hemocomponentes e a segurança dos processos assistenciais. Nesse contexto, o uso de indicadores de desempenho surge como uma ferramenta estratégica para monitoramento contínuo e tomada de decisões baseadas em dados.

Apresentar os resultados da aplicação de indicadores de desempenho na gestão de aproximadamente 500 equipamentos em um hemocentro público de Natal (RN), no período de janeiro de 2023 a dezembro de 2024.

Foram acompanhados quatro indicadores-chave: percentual em horas paradas por intervenção corretiva, percentual de cumprimento do plano de calibração, percentual de cumprimento do plano de manutenção preventiva e percentual de ordens de serviço atendidas dentro do prazo. As metas foram definidas com base em históricos operacionais e ajustadas anualmente. Os dados foram extraídos do sistema de gerenciamento Arkmeds e analisados em planilhas eletrônicas.

Observou-se uma evolução positiva no desempenho geral: os percentuais de cumprimento dos planos de calibração e manutenção preventiva superaram 95% em 2024. O tempo médio de equipamento indisponível por falhas corretivas reduziu-se de 3% (2023) para 2% (2024). O percentual de ordens de serviço atendidas dentro do prazo subiu de 79,9% para 83,5%. As principais dificuldades identificadas incluíram a não localização de equipamentos portáteis no momento da manutenção e o atraso na aquisição de peças para equipamentos obsoletos.

A análise crítica dos indicadores demonstrou que o monitoramento sistemático possibilita maior previsibilidade de falhas e melhora a resposta técnica. A redução do tempo de máquina parada e o aumento da adesão aos planos de manutenção preventiva indicam avanços significativos na organização e no controle dos processos. A dificuldade de localização de equipamentos móveis aponta para a necessidade de melhorias na rastreabilidade e controle patrimonial, enquanto os atrasos na reposição de peças evidenciam a importância de estratégias de substituição de equipamentos com vida útil comprometida. Nesse contexto, destaca-se também a necessidade de incluir, nos processos licitatórios, cláusulas específicas que garantam a disponibilidade de peças de reposição por período determinado. Tal medida visa assegurar a manutenção e o pleno funcionamento dos equipamentos ao longo do tempo, evitando a obsolescência precoce e otimizando os investimentos públicos. Esses achados estão em consonância com a literatura, que destaca a manutenção preventiva como elemento-chave para reduzir custos operacionais e garantir a segurança dos serviços em saúde. Além disso, a utilização de um sistema informatizado de gestão (Arkmeds) foi fundamental para consolidar os dados e facilitar a análise contínua ao longo do tempo, promovendo uma cultura de melhoria constante baseada em evidências. A implementação e o acompanhamento de indicadores de desempenho permitiram uma gestão mais precisa e responsiva dos equipamentos clínicos, resultando em maior disponibilidade operacional e confiabilidade dos processos. Essa abordagem reforça a importância de uma cultura de gestão orientada por dados em ambientes críticos como os hemocentros.