
Avaliar a incidência e características clínicas das reações adversas moderadas e graves à doação de sangue.
MétodosTrata-se de um estudo retrospectivo, de série consecutiva de doadores de sangue do Banco de Sangue de São Paulo, avaliados no período de janeiro de 2022 a junho de 2022. A coleta de dados foi realizada através de ficha padronizada, incluindo potenciais reações adversas moderadas ou graves de acordo com a definição da ANVISA (2015).
ResultadosDurante o período de avaliação, ocorreram 21 reações moderadas (incidência de 0,1% das doações) e nenhuma reação grave. Os pacientes que apresentaram reação adversa eram em sua maioria do sexo feminino (71,4%), com idade média de 37 ±8 anos. Deste total, 15 doadores eram de primeira vez (71,4%) e 6 doadores (28,6%) já tinham realizado doações prévias, dos quais apenas um doador já tinha apresentado reação leve anteriormente. Apenas uma reação ocorreu durante a doação, as outras 20 reações ocorreram logo após a doação, porém ainda nas dependências do banco de sangue. Os sintomas incluíram principalmente mal estar, palidez cutânea e tonturas, com queda da pressão arterial, caracterizando reação vaso-vagal, em todos os casos. Além disso, um doador teve liberação de esfíncter urinário e dois doadores apresentaram também episódio de vômitos. O tratamento realizado em 18 doadores foi reposição de soro fisiológico endovenoso, com melhora após 500 ml; 3 doadores melhoraram apenas com hidratação oral e Trendelemburg . Observou-se uma maior prevalência de reações moderadas no horário de almoço e final da tarde, correlacionando com tempo mais prolongado de jejum.
ConclusãoAs reações adversas moderadas e graves à doação são raras, sendo mais frequentes em mulheres, na primeira doação, envolvendo sintomas do tipo reação vaso-vagal. A reposição volêmica endovenosa ou por via oral, associada à posição supina, apresentou boa resposta em todos os casos, sem danos aos doadores.