HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAvaliar a incidência de trombose relacionada ao cateter de inserção periférica (PICC) em pacientes onco-hematológicos diagnosticados com linfoma ou leucemia, e identificar o perfil de risco trombótico segundo escores clínicos validados.
Material e métodosTrata-se de um estudo observacional retrospectivo, realizado em hospital terciário, com análise de 174 prontuários eletrônicos de pacientes maiores de 18 anos com diagnóstico confirmado de linfoma ou leucemia, submetidos à inserção de PICC entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024. Foram coletadas variáveis clínicas, demográficas e de risco trombótico, incluindo: comorbidades, diagnóstico onco-hematológico, estadiamento clínico, presença de massa bulky, histórico prévio de trombose, pontuações nos escores de Khorana, Michigan e Wells, além dos motivos de retirada, complicações e condutas relacionadas ao uso do PICC. A análise foi descritiva, com foco na incidência de trombose e na caracterização do perfil dos pacientes acometidos.
Discussão e ConclusãoDiscussão: A coorte foi composta predominantemente por pacientes com linfoma de Hodgkin (51,1%) e leucemia mieloide aguda (23,6%), com alta prevalência de massa bulky mediastinal (23,1%) e predominância de risco trombótico elevado segundo o escore de Michigan (Classe III em 86,8% dos casos) e Khorana (risco intermediário ou alto em 97,7%). A incidência de trombose relacionada ao PICC foi de 4,1% (n=7), cursando com 2,9% das retiradas do dispositivo. A conduta mais comum, diante da trombose, foi a retirada do PICC com ou sem anticoagulação. A taxa de anticoagulação foi de 40% entre os casos de trombose. Esses achados se comunicam com a literatura recente, como demonstrado por Granziera et al. (2024), que relata taxas variáveis de trombose associada ao PICC em pacientes oncológicos, entre 2% e 21%, com influência significativa do tipo de câncer e da presença de massa tumoral. Estudos como o de Hart et al. (2024) reforçam a importância da estratificação prévia de risco e do uso criterioso de dispositivos centrais em pacientes imunocomprometidos, para minimizar eventos tromboembólicos e infecciosos.
ConclusãoApesar de uma população com alto risco trombótico, a taxa de trombose associada ao PICC foi relativamente baixa, mostrando que o uso adequado e a utilização dos protocolos de manutenção eficazes podem reduzir a incidência de eventos adversos. O uso do PICC se mantém como uma estratégia segura e funcional para pacientes onco-hematológicos, desde que fornecido um monitoramento rigoroso e feito a estratificação de risco. Destaca-se a necessidade de estudos prospectivos multicêntricos para validar tais achados e orientar futuras diretrizes clínicas.
Referências:
- 1.
Granziera S, Camporese G, Simion E, et al. Incidence of venous thromboembolism and catheter-related thrombosis in hematological malignancies with PICC. Thromb Res. 2024;237:1-8. doi:10.1016/j.thromres.2024.03.012
- 2.
Hart T, Kim Y, Meng L, et al. Risk assessment models and incidence of PICC-related thromboembolism in hematological malignancies: a meta-analysis. PLOS ONE. 2024;19(6):e0300425. doi:10.1371/journal.pone.0300425.




