
Analisar e quantificar a incidência e mortalidade de mieloma múltiplo e neoplasias malignas de plasmócitos entre jovens e adultos, na faixa de 20 a 59 anos, no estado do Rio de Janeiro entre 2013 e 2022.
Material e métodosEstudo epidemiológico, descritivo, em que foram utilizados dados secundários obtidos no Painel-Oncologia e Atlas de Mortalidade por Câncer da base de dados em saúde DATASUS. Foram calculadas as faixas percentuais de incidência e de mortalidade proporcional, por ano, associada às neoplasias malignas de plasmócitos e mieloma múltiplo, CID “C90”em Diagnóstico detalhado, dentro do recorte populacional UF de residência “33 Rio de Janeiro”, entre os anos de 2013 a 2022. Foram analisadas as faixas etárias de pessoas acometidas pela doença entre 20 e 59 anos, em comparação ao total de diagnósticos entre as idades de 0 e 80 anos e mais.
ResultadosA incidência média de casos de mieloma múltiplo e neoplasias de plasmócitos em indivíduos de 20 a 59 anos no Rio de Janeiro entre 2013 e 2022 correspondeu a 37% dos casos dessas doenças diagnosticados no período (um total de 735), variando entre 29% (em 2020) e 43% (em 2016) dos diagnósticos por ano. Já em relação à mortalidade proporcional deste grupo etário, verificou-se uma média no período de 21,5%, flutuando entre 18,5% (em 2019) e 24% (em 2017) e totalizando 658 óbitos durante o intervalo de tempo estudado. Ou seja: enquanto pouco mais de um terço dos casos incidentes de mieloma ocorre em jovens e adultos, cerca de um quinto das mortes por tal enfermidade é registrada nesta coorte.
DiscussãoA prevalência do mieloma múltiplo é mais acentuada entre indivíduos nas sexta e sétima décadas de vida, sendo associada a hipótese de sua ocorrência majoritariamente nos indivíduos das referidas faixas etárias. Por outro prisma, entre os anos de 2013 e 2022, a média da incidência da doença em pessoas entre 20 e 59 anos foi de 37% do total de novos casos de mieloma múltiplo e neoplasias malignas de plasmócitos no estado do Rio de Janeiro, número considerável, por tratar-se de mais de um terço dos casos. Diante desses dados, é imperiosa a necessidade dos profissionais de saúde, principais responsáveis pelo diagnóstico da doença, ampliarem seu imaginário clínico para a ocorrência do mieloma múltiplo também em indivíduos fora das faixas etárias de maior prevalência da doença. Diante de sintomas como fraturas, dores ósseas, perda de peso considerável, anemia, infecções e redução da urina, é essencial que o profissional de saúde não se limite a idade do paciente, mas que considere a possibilidade da doença também em pessoas jovens. É nessa população, ainda, que se concentram as menores taxas de mortalidade pela doença e as maiores taxas de sobrevida, sendo a maior possibilidade do transplante de medula óssea um diferencial.
ConclusãoOs resultados permitem concluir que, apesar de representarem mais de um terço dos novos casos notificados no período analisado, os pacientes com mieloma múltiplo entre 20-59 anos apresentam menor mortalidade em comparação à população acometida total. Em vista disso, precisamos compreender mais profundamente o comportamento da doença nesta faixa etária, incluindo suas características citogenéticas, biológicas e moleculares. Dessa forma, maiores e melhores oportunidades de tratamento poderão ser ofertadas a essa jovem população, visando por fim uma melhor qualidade de vida e um prolongamento de sua sobrevida global.