
As leucemias são neoplasias hematológicas que atingem as células sanguíneas gerando a substituição de células normais por células cancerosas na medula óssea. A classificação se dá de acordo com a linhagem afetada, linfoide ou mieloide, e com a velocidade de proliferação das células cancerosas, sendo aguda ou crônica. A leucemia mieloide aguda atinge a linhagem mieloide, responsável pela origem dos leucócitos, onde há a disseminação de mieloblastos, uma célula imatura, na corrente sanguínea. A leucemia mieloide crônica, por sua vez, caracteriza-se pela translocação entre o cromossoma 9, onde localiza-se o gene ABL, e o cromossoma 22, onde localiza-se o gene BCR, simultaneamente, ocorre a quebra e rearranjo incorreto do cromossomo, formando o cromossomo Philadelphia. O BCR-ABL emite sinais para as células mieloides para que a divisão celular das células-tronco mieloides seja acelerada. Para a inibição da translocação desses genes é administrado o Mesilato de Imantinibe. O tratamento das leucemias é feito através de quimioterapia e transplante de células tronco. A rotina de diagnóstico e tratamento foi impactada pelo cenário pandêmico, visto a maior susceptibilidade de contrair e desenvolver os sintomas que o vírus oferece devido ao comprometimento de seu sistema imunológico. Os serviços de saúde sofreram uma drástica queda nos diagnósticos e tratamentos de doenças. No cenário pandêmico, o decaimento desses índices é algo preocupante, pois, pacientes, sabidamente oncológicos, deixaram de receber o devido tratamento e aqueles que possuem uma suspeita da doença, deixaram de receber o diagnóstico e o tratamento. A leucemia mieloide é ainda um desafio clínico importante, portanto, analisar o impacto negativo que a pandemia de COVID-19 trouxe para pacientes leucêmicos, tanto no diagnóstico de novos casos quanto para o prosseguimento do tratamento é de extrema relevância. Sendo necessário, para o momento, entender o impacto causado pela pandemia nesses indivíduos.
ObjetivoAnalisar e compreender a incidência de leucemia mieloide no sudeste brasileiro, entre pacientes de 30 a 69 anos, entre os anos de 2018 a 2022, analisando se a pandemia de COVID-19 impactou no registro de novos casos.
Materiais e métodosA coleta de dados de 2017 a 2023 foi realizada a partir do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
ResultadosNotou-se variação dos números com tendência de queda na incidência conforme o passar dos anos, onde os anos antecedentes à pandemia (2018 e 2019) registraram taxas mais elevadas quando observados os anos seguintes (2020, 2021 e 2022). Em relação a idade, uma maior prevalência após os 60 anos foi registrada.
ConclusãoA partir do ano de 2020, início da pandemia, houve uma queda no registro de casos de leucemia mieloide no Sudeste Brasileiro. A pandemia teve papel nessa diminuição em diversos aspectos, tanto na diminuição da população devido ao elevado índice de contaminação e óbitos, quanto pelo receio da ida ao centro médico para diagnóstico e, consequentemente, para tratamento. Além dos motivos citados, vale ressaltar o déficit sofrido em relação ao registro de novos casos de doenças devido à falta de estrutura para receber pacientes e assim registrar a incidência.