
Os produtos plasmáticos de doadoras multigestas estão associados à Lesão Pulmonar Aguda Relacionado à Transfusão (Transfusion-related cute lung injury - TRALI ), que é uma síndrome caracterizada pela presença de dispnéia/desconforto respiratório após uma transfusão sanguínea. Como medida de prevenção à TRALI, deve-se incluir como critério seletivo o número de gestações em doadores do sexo feminino. Para isto, foi definido na Fundação HEMOAM que a doação a partir de mulheres multigestas (3 ou mais gestações, incluindo abortos) não gera produtos plasmáticos, produzindo-se apenas os concentrados de hemácias para transfusão.
ObjetivoAnalisar o descarte dos produtos plasmáticos oriundos de doadoras multigestas e analisar a média de gravidezes relatadas pelas doadoras na triagem clínica.
Material e métodosTrata-se de um estudo descritivo, transversal e retrospectivo. Este estudo foi realizado na Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (HEMOAM). Os dados foram extraídos do sistema Hemosys (sistema próprio), no período de janeiro a dezembro de 2022. Foi analisado o percentual de descarte de hemocomponentes plasmáticos provenientes de doadoras com risco de TRALI e o número de gestações em doadoras de sangue.
ResultadosDurante o ano de 2022, foram coletadas 63.423 bolsas de sangue total, das quais 43.160 (68%) foram a partir de doadores do sexo masculino e 20.263 (32%) do sexo feminino, e destas últimas, 3.237 (7,5%) foram de doadoras multigestas, sendo que estas bolsas foram descartadas no Laboratório de Processamento do Sangue. O índice de gravidezes por doadoras foi de 3,7.
ConclusãoConsiderando-se o risco transfusional que pode ser ocasionado por produtos plasmáticos provenientes de doadoras multigesta, achamos assertiva a conduta de descartar esses produtos, no entanto, o descarte pode impactar no aproveitamento de concentrados de plaquetas. Observamos, ainda, que um pequeno percentual de doadoras que comparecem ao hemocentro teve mais de três gravidezes.