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Vol. 45. Núm. S4.
HEMO 2023
Páginas S173 (Outubro 2023)
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IMPORTÂNCIA DAS MANCHAS DE GUMPRECHT NA LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA: DIAGNÓSTICO OU PROGNÓSTICO?
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R Schaffel, TA Guimarães, CM Vieira, G Pimenta, GC Castro
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
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Introdução

A leucemia linfocítica crônica (LLC) tem sua fisiopatologia na inibição da apoptose das células neoplásicas. O achado de núcleos celulares rompidos no sangue periférico da LLC é comum, constituindo as manchas de Gumprecht (MG). Recentemente, a porcentagem de MG foi associada a alterações do citoesqueleto e ao prognóstico na LLC. Caso se confirme, se trata de um método bastante simples em comparação com os métodos atuais baseados em biologia molecular e anormalidades cariotípicas.

Objetivo

Analisar o valor prognóstico da contagem e do percentual das MG na coorte de 48 pacientes de LLC da UFRJ com esfregaços do sangue periférico ao diagnóstico disponíveis.

Material e métodos

Coletamos informações dos nossos pacientes com LLC rotineiramente por conta de nossa participação no Registro Brasileiro de Leucemia Linfocítica Crônica. Nossa coorte tem 70 pacientes com LLC que têm características epidemiológicas estudadas desde 2013. Encontramos esfregaços de sangue periférico do diagnósticos corados em Wright-Giemsa de 48 pacientes. A contagem das MG foi realizada em microscópio por uma das autoras (TA) sob supervisão de um biólogo (GCC). Um total de 100 eventos foram contados para cada caso (linfócitos + MG) e a razão da quantidade de manchas por número total de células contadas foi calculada para estabelecer a porcentagem. Os dados da planilha foram extraídos para o programa SPSS, com o objetivo de traçar as curvas de sobrevida global (método de Kaplan-Meier) comparadas pelo teste de Log-Rank.

Resultados

As medianas observadas dentre os 70 pacientes foram: 69 anos (variando de 37 anos a 89 anos), 12 g/dL de hemoglobina (variando de 5.3 g/dL a 15.1 g/dL), 27.100 leucócitos totais (variando de 4.900 a 309.800), 16% de neutrófilos (variando de 2% a 75%), 76,5% linfócitos (variando de 12,9% a 94%) e 171.000 plaquetas (variando de 58.000 a 434.000). A mediana da porcentagem de MG foi 22%, variando de zero a 77% (n = 48). A quantidade total de restos nucleares/caso de LLC variou de zero a 334 (mediana de 28). A sobrevida global mediana dos 48 pacientes foi de 2 anos. Tivemos 29 óbitos. Dividimos os pacientes em dois grupos baseados no percentual mediano de MG. A sobrevida global mediana dos pacientes com maior e menor percentual de MG foi de 2,1a e 3,5a, respectivamente (N =0,87). Quando utilizamos o corte de 30% de MG preconizado na literatura, o resultado seguiu não significativo (p = 0,38). Como a LLC é uma doença crônica, limitamos a análise aos pacientes com sobrevida maior do que 3 anos e o valor de corte de 30%. Houve uma tendência a maior sobrevida nos pacientes com menos MG (p = 0,09).

Discussão

Não encontramos valor prognóstico quando separamos nossa coorte em dois grupos de acordo com o percentual de MG, seja utilizando o corte de 22%, quanto o corte de 30% ao contrário do reportado (Sall e cols Hematol Transfus Cell Ther. 2022;44:63-69). No entanto, tivemos um alto índice de óbitos em um tempo de seguimento pequeno. Quando restringimos a análise a pacientes com maior sobrevida, encontramos uma tendência que foi inversa à encontrada por Sall e cols. Não temos uma explicação para isso.

Conclusão

Na coorte de pacientes com LLC de diagnóstico mais recente do HU da UFRJ não foi observado impacto prognóstico das MG. Começaremos a avaliar pacientes de diagnóstico mais antigo para aumentar nosso tamanho amostral e tempo de seguimento. Esperamos reportar esses achados no Congresso Hemo 2023.

O texto completo está disponível em PDF
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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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