
A fim de qualificar o atendimento às vítimas poli traumatizadas em choque hipovolêmico, foi elaborado e implementado o Protocolo de Sangue Total O+ (PTS) no Hospital Cristo Redentor (HCR), instituição pública federal integrante do Grupo Hospitalar Conceição, especializado em atendimento de trauma.
Material e métodosO PST é utilizado em situações de choque hemorrágico em pacientes adultos e crianças >6 anos. O Banco de Sangue (BS) do Hospital Nossa Senhora da Conceição seleciona as unidades de sangue total (ST) de acordo com os seguintes critérios de inclusão: Grupo sanguíneo O, RhD positivo, sexo masculino, HbS negativo e título de anticorpos ABO IgG < 200. As unidades de ST são utilizadas por até 3 semanas, após esse período retornam ao BS HNSC para fracionamento e utilização do CH. O BS envia conforme a necessidade da AT HCR as unidades de ST, a fim de manter um estoque de 6 unidades no local. Ao optar pelo PST os médicos emergencistas assinam o termo de autorização de transfusão de sangue total O RhD positivo, sem provas de compatibilidade antes da transfusão. No decorrer do protocolo o médico decide pelo número de unidades de ST a serem transfundidas e se é necessário mudar a abordagem para o protocolo de transfusão maciça.
ResultadosDesde sua implantação em abril de 2021, foram atendidos 16 pacientes atendidos na emergência, e desses, 3 utilizaram o protocolo de transfusão maciça após o PTS. Dentre os pacientes beneficiados pela utilização do PST estão vítimas de colisão (moto×carro ou moto×caminhão), queda de grande altura e ferimento por arma de fogo. A média utilizada foi de 2 unidades de ST por paciente.
DiscussãoNo cenário de trauma, a hemorragia maciça é a causa mais comum de morte na primeira hora de chegada ao hospital. A mortalidade de pacientes com trauma que requerem transfusão maciça é superior a 50%, e foi demonstrado em outros estudos que pelo menos 10% dessas mortes poderiam ser evitadas. Dessa forma, o PST foi elaborado para otimizar o atendimento aos pacientes em choque hipovolêmico, contribuindo com a agilidade no atendimento ao paciente e disponibilizando o mais rápido possível os fatores de coagulação, plaquetas e hemácias.
ConclusãoA eficácia e segurança do ST do Grupo O RhD Positivo foram bem demonstradas no cenário militar e no âmbito civil tem sido utilizada progressivamente. Pesquisas recentes sugerem substancial vantagem com o uso de ST O RhD positivo de baixo título o qual é utilizado para ressuscitação pré-hospitalar e nas emergências de trauma em hospitais fora do Brasil, simplificando a transfusão e fornecendo a solução provavelmente ideal para esta situação. Embora o PST tenha sido implantado recentemente, nota-se uma progressiva aceitação no meio médico emergencista e do bloco cirúrgico em utilizar o protocolo.