A doação de sangue é considerada um procedimento seguro e em sua maioria transcorre sem qualquer intercorrência, porém existem reações adversas conhecidas que ocasionalmente podem acometer doadores. A padronização de processos demonstra ser eficiente na redução da ocorrência de reações adversas e no aumento significativo da segurança da coleta de sangue total.

Relatar a padronização de processos e a implantação de medidas de segurança diminuindo o índice de reações adversas à doação.

Relato da aplicação de protocolos de segurança na rotina de um serviço de hemoterapia analisado através dos indicadores institucionais.

No ano de 2016 foi criado no Hemobanco o Núcleo de Segurança do Paciente (NSP), que foi responsável pela revisão dos protocolos institucionais, de acordo com as legislações vigentes, com o objetivo de adaptar a rotina do serviço, adotando medidas para favorecer a segurança dos doadores, durante o processo de doação de sangue e diminuir o índice de reações adversas à doação, que se apresentavam elevados, de acordo com a análise dos indicadores da qualidade.  O índice de reação adversa à doação de sangue no ano de 2018 era 6,5% (1.357 reações para 20.741 doações) e após a implantação das medidas do NSP, foi para 2,13% (302 reações para 14.181 doações) no primeiro semestre de 2023 – uma redução total equivalente a 67,23% do total de reações. E, especificamente nas reações classificadas como sistêmicas houve redução de 52,3% dos eventos (o índice em 2018 era de 4,36% e de 2,08% no primeiro semestre de 2023). Outro indicador analisado foi o índice de quedas em doadores de sangue: os números encontrados foram em 2016: 35 eventos, em 2017: 73 eventos, em 2018: 76 eventos, em 2019: 63 eventos, em 2020: 20 eventos, em 2021: 2 eventos, em 2022: 4 eventos e no primeiro semestre de 2023: 1 evento.

Os resultados apresentados ocorreram em função da associação dos protocolos a seguir: ingesta hídrica - todos os doadores são estimulados a ingerir dois copos de água antes de executar a doação de sangue; avaliação do risco de queda – através do uso de uma ferramenta desenvolvida na própria instituição, na qual os doadores classificados como de alto risco para queda recebem cuidados diferenciados durante o processo de doação (já iniciam a doação com a cadeira em posição de tredelemburg); exercícios de tensão muscular, que são aplicados no início e no final da doação e monitoramento contínuo dos doadores de sangue e ao término da sua doação todos os doadores são acompanhados até a sala de lanche e aguardam sentados por seu lanche.

Conclui-se que a associação de diferentes protocolos e a implementação de rotinas bem definidas trouxe resultados sólidos para a segurança do doador de sangue no serviço de hemoterapia, reduzindo o percentual de reações adversas à doação ao longo do período avaliado.