A pandemia da COVID-19 com origem em Wuhan na China levou a medidas de isolamento social e despertou medo de contágio pelo vírus. Esses fatores contribuíram para afastar doadores dos hemocentros, reduzindo significativamente estoques de sangue e hemocomponentes no Brasil e em outros países. Portanto, este trabalho tem por objetivo avaliar a influência da pandemia na doação de sangue por estudantes de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, descrevendo perfil dos doadores, frequência de doação, fatores limitantes e facilitadores, para observar os efeitos gerados pela pandemia. Foi realizado inquérito, a partir de um questionário com 20 perguntas, elaborado pela Liga Acadêmica de Hematologia e Oncologia da UFRJ, utilizando a plataforma on-line Google Forms em alunos do primeiro ao sexto ano do curso médico, no período de 8 de junho a 5 de julho de 2020. A divulgação foi pelo Sistema Integrado de Gestão Acadêmica (SIGA) e pelos e-mails das turmas de graduação. Um total de 248 alunos responderam; a distribuição dos alunos entre os seis anos da graduação foi, respectivamente: 17%, 16,6%, 12%, 9%, 23,3%, 12,5% e 17,7%. Os respondedores eram 71% mulheres, idade mediana de 22 a 25 anos (variando de 18 a 34 anos); 64% não apresentam contraindicações a doação de sangue; 86,3% dos entrevistados não se enquadram em grupos de risco para desenvolvimento de quadros graves da COVID-19, porém 63,7% moram na mesma residência de indivíduos considerados grupos de risco; 24,2% trabalharam ou foram voluntários em Hospitais e Unidades de Saúde durante a pandemia, dos quais 12,1% eram acadêmicos do sexto ano. Entre os respondedores, 16% realizaram pelo menos um teste diagnóstico para COVID-19, e 8,5% foram diagnosticados ou suspeitos da COVID-19. Em relação aos hábitos de doação: 39% dos alunos respondedores nunca doaram sangue e 39% declararam-se como doadores regulares (13,3% doam três vezes ao ano, 20,2% doam duas vezes e 27,8% doam uma vez ao ano). Em relação a doação no curso da pandemia: 25,8% doaram durante o primeiro semestre, e apenas 19,8% doaram durante a pandemia; 10,1% dos respondedores foram impedidos de doar por motivos relacionados a COVID-19 (teste positivo, contato com indivíduos cujo teste foi positivo, ou retorno de viagem de locais com casos confirmados de COVID-19). Sobre a motivação em doar: 41,1% foram influenciados por campanhas, dos quais 63% por campanha do HEMORIO, 27,3% por campanhas do Ministério da Saúde e 47,94% por campanhas realizadas pela Liga. Sobre os motivos para não doar: 44,8% relataram medo de sair de casa para doar sangue – 31,5% não saíram de casa devido ao medo, enquanto 13,3% saíram para doar; 12%, mesmo referindo medo, conseguiram efetivar a doação durante o período de pandemia. Apesar de a maioria dos estudantes respondedores não apresentar contraindicações a doação, menos da metade doa sangue regularmente. Assim, cabe ressaltar a interferência de outros fatores impeditivos. Neste estudo, nota-se dois principais motivos para a redução de doações, que são medo de desenvolver a COVID-19 e medo de transmitir o vírus para quem mora na mesma residência e faça parte de grupos de risco, apesar da maioria dos alunos não corresponder a estes grupos. Fatores relacionados diretamente ao SARS-CoV-2 que impediriam a doação foram pouco frequentes na população de estudo.
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