
As transfusões de hemocomponentes são indispensáveis na terapêutica de determinadas patologias, mas exigem vigilância rigorosa devido aos riscos envolvidos. Assim, a utilização de protocolos de monitoramento transfusional são valiosos para incentivar práticas transfusionais seguras e prevenir eventos adversos. Este estudo buscou analisar o impacto da implantação de um protocolo de monitoramento de transfusões no Hospital de Santa Juliana.
Material e métodosAnálise descritiva e retrospectiva dos dados secundários extraídos dos protocolos de acompanhamento transfusional do Hospital de Santa Juliana, de 01/08/2022, data de implantação do protocolo, a 31/05/2023. Estes protocolos contêm todas as informações de registro obrigatório das transfusões. Os protocolos foram preenchidos pela equipe de enfermagem do início até 24 horas após o término da transfusão.
ResultadosNo período houve 1112 transfusões no Hospital Santa Juliana, sendo 58% de concentrados de hemácias, 20% de concentrados de plaquetas, 17% de plasma fresco congelado e 5% de crioprecipitado. No mês de implantação houve baixa adesão ao preenchimento, que foi melhorando nos meses seguintes, embora se alcançando o máximo de 30,25% de protocolos plenamente preenchidos. Observou-se melhora dos registros transfusionais com a utilização do protocolo. De todas as transfusões, 45% tiveram os sinais vitais registrados durante todo o procedimento, o que já ocorria de rotina, mas também após, no protocolo, permitindo à equipe uma perfeita visualização evolutiva de todo o período. Também foram observadas melhorias nos preenchimentos das requisições transfusionais. Foram registradas duas reações transfusionais no período.
DiscussãoOs resultados evidenciam a relevância da implantação e adesão a um protocolo de acompanhamento transfusional em um ambiente hospitalar. A menor adesão ao preenchimento nos primeiros meses pode ser devida a uma fase de adaptação de toda equipe à nova rotina. Embora os registros transfusionais já fossem feitos adequadamente, os registros pós transfusionais, que no protocolo foram feitos também por 24 horas após cada transfusão, facilitam a conscientização da equipe de que os riscos transfusionais não se encerram com o término da transfusão. Desta forma, a vigilância transfusional foi maior. No período anterior à implantação do protocolo, não houve registro de reações transfusionais nos últimos 24meses, permitindo concluir que o registro de 2 reações foi um resultado muito positivo. Treinamento contínuo e conscientização sobre a importância do adequado preenchimento do protocolo são indispensáveis e podem influenciar a adesão a longo prazo. Deve-se objetivar 100% de protocolos preenchidos. Os bons resultados devem ser divulgados na instituição para fortalecer a conscientização. Outras estratégias de vigilância transfusional estão sendo desenvolvidas na unidade, para aumentar a segurança dos pacientes.
Conclusão:Os resultados obtidos foram encorajadores, mas é necessário aprimorar a integração do protocolode acompanhamento de transfusões na rotina hospitalar. A elaboração de estratégias de treinamento, monitoramento e aprimoramento contínuo da prática clínica transfusional, implicará em melhores resultados para os pacientes submetidos a transfusões sanguíneas.