
Identificar variantes patogênicas, provavelmente patogênicas e de significado incerto associadas a doenças raras em coorte de pacientes com condições hematológicas, permitindo o diagnóstico e correta estratificação terapêutica destes pacientes.
Material e MétodosFoi realizado o sequenciamento do genoma completo (WGS) de amostras DNA de 15 pacientes com idades entre 0 e 19 anos que atendiam os critérios de inclusão para o Projeto PROADI/SUS Genomas Raros, na coorte de doenças hematológicas. O DNA genômico foi extraído do sangue periférico dos probandos, seguido por preparo de biblioteca pela metodologia PCR-free (TruSeq DNA PCR-Free Kit Library Prep - Illumina) e sequenciamento do tipo paired-end em plataforma Illumina (NovaSeq 6000). Os dados do sequenciamento foram processados e analisados na plataforma Varstation®. A classificação das variantes seguiu as recomendações do Colégio Americano de Genética Médica e Genômica (ACMG - 2015).
ResultadosForam encontradas sete variantes classificadas como patogênicas ou provavelmente patogênicas em sete probandos. Cinco destas variantes definiram o quadro clínico apresentado. Dentre as variantes patogênicas/provavelmente patogênicas encontradas, foram observadas duas deleções grandes, envolvendo um ou mais éxons, duas deleções pequenas, um ganho de códon de parada e duas variantes do tipo missense. Adicionalmente, foram detectadas oito variantes de significado incerto em genes relacionados com os quadros clínicos de cinco pacientes.
DiscussãoDentre os fenótipos que tiveram o diagnóstico definido incluem a Síndrome de Wiskott- Aldrich, Anemia Blackfand-Diamond e a Trombofilia por deficiência de antitrombina III. Mesmo com um número limitado de pacientes incluídos na coorte de doenças hematológicas dentro do Projeto Genomas Raros, o WGS foi relevante para o diagnóstico de 33% desses pacientes e, pelo menos uma dessas variantes não teria sido detectada pela técnica de sequenciamento completo do exoma (WES). O sequenciamento de genoma humano tem se mostrado uma tecnologia valiosa na investigação de condições e doenças genéticas diversas. A redução nos custos e tempo de sequenciamento têm permitido que o uso seja cada vez mais disseminado na prática clínica, melhorando o tempo e acurácia do diagnóstico e a estratificação terapêutica de pacientes. Melhorias nas áreas de bioinformática têm permitido investigar análises apuradas, detectando não apenas variantes de ponto, mas também variações em número de cópias e até mesmo rearranjos.
ConclusãoNeste trabalho, mostramos como o uso da ferramenta nos permitiu definir diagnóstico para pacientes com quadros hematológicos. Embora nossa coorte para este estudo tenha sido pequena, os achados são promissores no aspecto da detecção de alterações como deleções e SNV em ensaio único.