
Avaliar a concordância entre diferentes testes sorológicos para identificação de infecção assintomática por Leishmania L. infantum em pacientes politransfundidos e controles de região endêmica para leishmaniose visceral.
Material e métodosForam avaliados 338 indivíduos, onde 191 eram pacientes politransfundidos que receberam quatro ou mais unidades de hemocomponentes (PP); e 147 controles não transfundidos (CNT), todos de regiões endêmicas para leishmaniose visceral (Montes Claros-MG; Teresina-PI; Fortaleza, Crato e Sobral-CE) com o mesmo perfil epidemiológico. A detecção de anticorpos IgG contra Leishmania L. infantum foi realizada por dois métodos sorológicos. Primeiro, por um teste comercial de ELISA (BIOLISA LEISHMANIOSE VISCERAL®- Bioclin, Belo Horizonte, Brasil) de acordo com as recomendações do fabricante. Segundo, por um método de ELISA in house, no qual a proteína alvo foi a rK39 (Laboratório CT Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte-MG). O nível de concordância entre os testes foi avaliado através do coeficiente de kappa.
ResultadosEm 338 amostras analisadas, obtivemos 21 positivos no teste de ELISA comercial (15 em PP e 6 em CNT), enquanto para o teste de ELISA in house foram encontrados 16 positivos (14 em PP e 2 em CNT). As amostras negativas foram 317 e 322 no teste de ELISA comercial e ELISA in house, respectivamente. Ademais, quando calculado a concordância entre as duas técnicas obtivemos o valor de 0,0148.
DiscussãoEm geral, os testes sorológicos são amplamente utilizados para o diagnóstico de doenças infecciosas e em estudos epidemiológicos de prevalência. Aqui obtivemos uma maior positividade no grupo de PP, onde a metodologia de ELISA comercial foi capaz de detectar mais positivos. Isso pode ser explicado pelo fato da proteína alvo neste teste ser proveniente de Leishmania L. infantum, sendo esta portanto, a mais prevalente no Brasil ao ocasionar leishmaniose visceral, enquanto a proteína alvo no teste in house foi a rK39, mais recorrente na Leishmania L. donovani. Verificamos um nível de concordância fraco entre as duas técnicas, onde os dados encontrados são condizentes com a literatura, uma vez que tem sido observado baixa concordância nos testes laboratoriais disponíveis para o diagnóstico de infecção assintomática de leishmaniose visceral.
ConclusãoCom os resultados obtidos, identificamos presença de Leishmania L. infantum em indivíduos assintomáticos de áreas endêmicas para leishmaniose visceral, maior positividade no grupo de PP pelo teste comercial e uma baixa concordância entre as técnicas utilizadas. Desse modo, ressaltamos ser importante o desenvolvimento de testes com boa sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de infecção assintomática para leishmaniose visceral.