
A hemovigilância tem por definição a utilização de procedimentos de verificação da cadeia transfusional, que objetiva colher e processar informações dos efeitos colaterais ou inesperados resultantes da transfusão de hemocomponentes. Visa à tomada de providências que possibilitem prevenir a ocorrência e/ou a recorrência desses efeitos e pode-se considerá-la como um sistema de controle final da qualidade e segurança transfusional.
ObjetivoImplementar a busca ativa de todos os hemocomponentes transfundidos no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas – INI/FICORUZ.
MetodologiaFoi elaborado um checklist no RedCap contendo as informações obrigatórias pela legislação vigente no que tange ao pedido médico de transfusão e evolução do hemocomponente. As variáveis capturadas no prontuário eletrônico MV para avaliar a prescrição médica foram: Informação de dados laboratoriais em acordo com o tipo de hemocomponente transfundido; preenchimento da modalidade da transfusão, indicação clínica, antecedentes transfusionais e necessidade de procedimentos especiais. Para avaliar a evolução dos hemocomponentes, verificou-se os seguintes parâmetros: Informação sobre o tipo de hemocomponente transfundido, identificação do número, volume e tipagem sanguínea do hemocomponente, horário e sinais vitais no início da instalação do hemocomponente, monitoramento dos sinais vitais após 15 minutos de transfusão, horário e sinais vitais no término da hemotransfusão. Foi verificado se houve registro de reação transfusional imediata (até 24 horas). Todas as informações coletas no checklist foram realizadas pelos profissionais do serviço de hemoterapia na data posterior a transfusão, visando garantir tempo hábil para registro e notificação de reação transfusional.
ResultadosDurante o período de Abril/21 a Julho/21, foram realizadas as buscas ativas de 864 hemocomponentes (561 CH, 64,9%; 206 PFC, 23,9%; 84 CP 99,7% e 13 CRIO; 1,5%). Foi observado na solicitação médica de transfusão que estavam presentes 91,4% dos dados laboratoriais, 85,5% das informações sobre a modalidade de transfusão, 94,9% da doença de base, 97,6% da indicação clínica, 88,1% de informações de antecedentes transfusionais, 89,6% de informações acerca de necessidade de procedimentos especiais. Quanto a evolução do hemocomponente realizada pela equipe de Enfermeiros, evidenciou-se as seguintes informações: 94,7% do tipo de hemocomponente transfundido, 83,0% relataram o número da bolsa, 88,3% o volume, 91% a tipagem ABO/RhD da bolsa, 92,1% o horário do início da transfusão, 86,1% o horário do término da transfusão, 92,4% registraram os sinais vitais no início da transfusão, 89,5% após 15 minutos de transfusão e 85,5% ao término da transfusão. Em 85,7% das evoluções de enfermagem foi possível identificar registro sobre a ocorrência ou não de reações transfusionais.
ConclusãoOs dados iniciais apontam para a necessidade de treinamento das equipes e sensibilização da importância dos registros desses dados nos prontuários dos pacientes. Os resultados permitiram ainda solicitar a equipe de TI para customizar a solicitação médica de transfusão no software, de forma a não permitir a sua finalização sem que todos os dados estejam presentes.