
No Brasil, a doação de sangue depende de voluntários, sendo a maioria proveniente de um pequeno grupo de doadores recorrentes. Isso gera a necessidade constante de desenvolver continuamente estratégias para recrutar novos doadores para manter os estoques nos bancos de sangue. Os jovens representam um grupo potencial para esse recrutamento, não apenas pela sua boa saúde e potencial longevidade como doadores, mas também porque pelo estímulo da doação de promover hábitos saudáveis e consciência social sobre a importância da doação, pois muitos hábitos de saúde são desenvolvidos e consolidados durante a adolescência, e continuam a influenciar a saúde ao longo da vida. Com o envelhecimento da população, os doadores jovens que mantêm estilos de vida saudáveis e doam regularmente ao longo do tempo, se tornam essenciais para garantir um suprimento constante e de qualidade de sangue. O Hemocione, é uma organização sem fins lucrativos (ONG) que foi criada por estudantes no município do Rio de Janeiro em 2017, que realiza campanhas de coleta de sangue em escolas, universidades e empresas em todo Brasil, com o objetivo de estimular o hábito de doação entre os jovens através da promoção de eventos personalizados para os doadores, adaptando-se às suas necessidades e características específicas através de campanhas informativas direcionadas, para melhorar a experiência da doação de sangue, visando recrutar e fidelizar jovens como novos doadores voluntários, para que além das bolsas coletadas naquele evento, os participantes criem o hábito de doar sangue, para manter os estoques dos bancos de sangue abastecidos. Ao longo desses 7 anos de Hemocione, foram 8288 bolsas coletas, o que impactou na vida de cerca de 33152 pessoas. Em 2022, no ano em que a Hemocione se tornou oficialmente uma Organização Não Governamental, a quantidade de bolsas coletadas através dos seus esforços já correspondeu a 0,85% do total (159.225) de bolsas doadas no Estado do Rio de Janeiro 13. Considerando que em 2023 a Hemocione cresceu sua coleta em 209% em relação a 2022, expandindo-se para outros Estados, vê-se uma tendência clara de que a influência relativa da ONG aumente progressivamente no cenário brasileiro. Além disso, nesse anos foram desenvolvidos projetos com foco nesse público, como a “Copa Hemocione”, que é um trote solidário, no qual é realizada uma disputa do bem entre as instituições onde acontecem os eventos de doação de sangue; o “Tablet Hemocione”, um sofware gerenciador da fila de doação, que permite que o doador possa transitar enquanto espera a sua vez de doar, melhorando a experiência da doação; e o aplicativo que será lançado em 2024 “Plataforma de Eventos Hemocione”, onde as pessoas poderão se cadastrar, e serem notificadas sobre os eventos de coleta de sangue próximos a sua residência, além de jogos educacionais sobre a doação de sangue. A ONG também desenvolve pesquisas na área científica, como identificação de barreiras e motivadores na doação de sangue, métodos para reduzir os casos de síndrome vasovagal nos doadores, buscando implementar estratégias para aumentar e fidelizar o número de doadores. Apesar da impacto do Hemocione na campanha e conscientização da doação de sangue, o projeto ainda tem pouco tempo de implementação das atividades e há muitos pontos para evoluir ainda, além de tentar impactar áreas mais afastados dos grandes centros urbanos nos estados.