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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 145
Acesso de texto completo
GERENCIAMENTO DO SANGUE DO PACIENTE NA CIRURGIA CARDIOVASCULAR BRASILEIRA: COMPREENSÃO, PRÁTICA E BARREIRAS DE IMPLEMENTAÇÃO SEGUNDO A PERSPECTIVA DOS CIRURGIÕES
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MC Guidoa, B Meneghinia, R Monteiroa, M Moitinhoa, LF Caneoa, CM Brandãoa, AI Fiorellia, V Ninab, G Rabelloa, FB Jatenea
a Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), São Paulo, SP, Brasil
b Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís, MA, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

O Gerenciamento do Sangue do Paciente (Patient Blood Management, PBM) é uma estratégia centrada no paciente, comprovadamente eficaz na melhoria de desfechos clínicos e na redução de riscos transfusionais, por meio da preservação e do uso racional do sangue do próprio paciente. Pouco se fala sobre a implementação do PBM em hospitais brasileiros, especialmente naqueles que realizam cirurgias cardiovasculares.

Objetivos

Avaliar o grau de conhecimento, a prática clínica e as principais barreiras enfrentadas por cirurgiões cardiovasculares na implementação do PBM no contexto da cirurgia cardíaca no Brasil.

Material e métodos

Este estudo quantitativo, descritivo e exploratório, consistiu no envio de um questionário com 30 perguntas, via Google Forms, para 1105 cirurgiões afiliados à Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular. As questões foram elaboradas para avaliar o conhecimento sobre o assunto, as práticas e as barreiras relacionadas a implementação do PBM. Os dados foram analisados por meio de estatísticas descritivas e testes inferenciais (χ² e Teste Exato de Fisher, com p < 0,05), utilizando o V de Cramér para estimativa de efeito. As análises foram realizadas com os softwares JAMOVI 2.2.5® e RStudio 2024.04.2+764.

Resultados

Responderam ao estudo 205 cirurgiões. A maioria dos participantes era do sexo masculino (91%), com atuação predominante na região Sudeste do Brasil (56%). No pré-operatório, aproximadamente 31% estimaram que a prevalência de anemia é de 5% a 15% nos pacientes que serão submetidos à cirurgia cardíaca. Em casos suspeitos de anemia, 43% realizam a dosagem de hemoglobina de 1 a 2 dias antes da cirurgia, o que indica que a avaliação rotineira da hemoglobina na fase pré-operatória é realizada de forma inconsistente. Entre os exames laboratoriais solicitados para confirmação diagnóstica e planejamento terapêutico, os mais frequentes foram o hemograma completo (78%), seguido por ferro sérico (56%) e ferritina (54%). Cerca de 25% dos participantes informaram calcular rotineiramente a massa eritrocitária e o volume sanguíneo antes dos procedimentos cirúrgicos. No intraoperatório, 32% relataram que duas ou mais unidades de concentrado de hemácias são solicitadas em mais de 80% das cirurgias eletivas. Entre as estratégias atualmente utilizadas, destacam-se o uso de agentes antifibrinolíticos (67%), seguido por agentes hemostáticos e testes point-of-care, ambos citados por 61% dos participantes em procedimentos eletivos. Em cirurgias de emergência, as estratégias mais frequentemente empregadas incluem o uso de antifibrinolíticos (63%), agentes hemostáticos (58%) e técnicas de recuperação sanguínea intraoperatória (55%). Quanto à prática do PBM, 53% dos cirurgiões relataram ter familiaridade com o conceito. Em relação às estratégias de manejo transfusional, 45% adotam uma abordagem restritiva, 30% seguem uma estratégia liberal e apenas 16% utilizam protocolos estruturados baseados em PBM. Apesar disso, apenas 13% relataram a implementação plena do PBM na rotina hospitalar. As principais barreiras identificadas foram a resistência cultural à adesão da equipe (43%), limitações financeiras (24%) e entraves administrativos (21%).

Discussão e conclusão

A adoção do PBM no Brasil permanece limitada e desigual, especialmente em regiões geograficamente remotas. Esforços direcionados para superar essas barreiras são fundamentais para ampliar a implementação do PBM, promovendo, assim, maior segurança do paciente, melhores desfechos clínicos e uso mais eficiente dos recursos em nível nacional.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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