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Vol. 44. Núm. S2.
Páginas S185 (Outubro 2022)
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FUSARIOSE SISTÊMICA COM MANIFESTAÇÃO CUTÂNEA AO DIAGNÓSTICO DE LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA - RELATO DE CASO BEM SUCEDIDO COM TERAPIA ANTIFÚNGICA COMBINADA
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LL Perruso, A Justino, FM Marques, EX Souto, AP Graça, KP Melillo, LLM Perobelli
Hospital de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini - Hospital Brigadeiro, São Paulo, SP, Brasil
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A fusariose invasiva é uma rara complicação infecciosa do paciente oncohematológico, com alta mortalidade descrita. Estudos brasileiros já reportaram que,das neoplasias hematológicas, a leucemia mieloide aguda é a que tem maior risco para a doença, correspondendo a 35% dos casos, seguida da leucemia linfoide aguda (21%) e leucemia mieloide crônica (15%).A mortalidade da doença varia conforme as referências, mas gira em torno de 75%.Aos pacientes cronicamente neutropênicos, mesmo com terapia antifúngica adequada, a mortalidade é de 100% dos casos. Apesar de não haver evidência inequívoca de que terapia combinada com voriconazol e anfoterecina B tenha qualquer benefício em relação à monoterapia, ela pode ser considerada em casos graves e figura como uma opção a ser considerada em guidelines recentes.

Relato de caso

Paciente masculino, de 38 anos, sem comorbidades prévias, foi admitido no Hospital de Transplantes Eurycides de Jesus Zerbini (HTEJZ) com história de 40 dias de evolução de cansaço intenso, febre diária de 38ºC, perda ponderal de 10 kg e hiperplasia gengival. Ao hemograma, apresentava hemoglobina 10,7 g/dL, leucócitos de 57.820 com 40% de blastos de grande tamanho e aspecto monoblástico,e plaquetometria de 12.000/mm3 .A avaliação medular revelou se tratar de uma leucemia mieloide aguda FAB M4, com avaliação molecular apresentando NPM1 mutado. Ao exame físico, encontrava-se febril (38,5ºC), com hiperplasia gengival, petéquias em membros inferiores e onicomicose bilateral em pododáctilos. Pela febre, recebeu 5 dias de cefepime, após o qual iniciou protocolo de quimioterapia de indução quimioterápica com daunorrubicina 60 mg/m2 e citarabina 100 mg/m2 (protocolo D3A7). Atingiu rápido nadir de quimioterapia, e no 4º dia de indução já apresentava neutropenia grave. No sexto dia de indução, voltou a apresentar febre aferida de 39ºC, e em 24 horas ,houve aparecimento de lesões cutâneas eritemato nodulares difusas, por vezes com centro necrótico. Convém pontuar que, nos 3 dias de neutropenia que antecederam a febre, o paciente não recebeu fluconazol. Foi colhido raspado cutâneo com biópsia, este primeiro com resultado positivo para presença de fungos. Não havia evidência de infiltração pulmonar à tomografia de tórax. As hemoculturas para fungos ,entretanto, foram negativas, o que a literatura já descreve como resultado possível em 40-60% dos casos.Foi iniciado tratamento com voriconazol endovenoso e anfoterecina B deoxicolato, enquanto se providenciava a compra da formulação lipídica. O paciente evoluiu com defervescência somente no 6º dia de uso de antifúngicos. Ao final de 21 dias de tratamento com voriconazol,9 dias de tratamento com anfoterecina B deoxicolato e 12 dias com anfoterecina B complexo lipídico, o paciente evoluiu com regressão completa das lesões cutâneas e melhora clínica. A recuperação medular se deu no 18ºdia de indução, com uso auxiliar de GCSF.O paciente apresentou injúria renal aguda KDIGO II, hipocalemia grave, manejados clinicamente e sem complicações subsidiárias. Recebeu alta hospitalar 35 dias após a admissão, em remissão citomorfológica e doença residual mínima negativa.

Conclusão

O caso exposto ilustra um exemplo infrequente de fusariose invasiva que respondeu bem ao tratamento combinado e que evoluiu com melhora clínica completa. No caso abordado, o diagnóstico precoce e a manifestação exclusivamente cutânea podem ter contribuído para o bom desfecho.

O texto completo está disponível em PDF
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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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