
O sistema de grupo sanguíneo Rhesus contém 55 antígenos, sendo o D mais identificado nos serviços de saúde por sua alta imunogenicidade. Na prática transfusional, os doadores e pacientes são classificados como Rh positivos ou negativos levando em consideração apenas a presença ou ausência do antígeno D. Entretanto, os antígenos C, c, E e e possuem importância clínica pois também estão envolvidos em processos de aloimunização, mas a caracterização desse perfil fenotípico não é obrigatória nas bolsas de sangue por não serem tão frequentes em indivíduos Rh negativos. Este estudo teve como objetivo investigar a distribuição dos antígenos C e E em amostras RhD negativas e fenotipadas no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Pará (HEMOPA).
Material e métodosForam selecionados dados de doadores de sangue RhD negativos residentes da cidade de Belém que foram fenotipados no HEMOPA entre junho de 2018 a janeiro de 2020 totalizando 424 indivíduos. A sorotipagem foi realizada conforme rotina do hemocentro através de testes de hemaglutinação em gel conforme instruções do fabricante (BioRad), de forma automatizada no equipamento IH-500. Os resultados foram obtidos através da pesquisa no sistema, tabulados no Microsoft Excel e as frequências foram calculadas no software estatístico IBM SPSS. Por se tratarem de dados secundários, foi dispensada a aplicação de TCLE. A aprovação ética foi obtida pelo Comitê de Ética do Centro de Saúde Escola do Marco, por meio do protocolo número 3.366.892.
ResultadosEntre os doadores RHD negativos, 51 amostras (12,03%) apresentaram positividade para o haplótipo CDE, se distribuindo em: 76,47% de dCe (39/51); 19,61% de dcE (10/51) e 3,92% de dCE (2/51).
DiscussãoA grande frequência de CDE negativo reforça as altas prevalências desse haplótipo em indivíduos RhD negativos. As frequências dos fenótipos foram levemente diferentes do que o observado no estudo de Guimarães et al (2020) em um hemocentro de rede privada da mesma cidade, apesar do número amostral ser aproximado. O antígeno C esteve presente em 80,39% das amostras RhD negativas, corroborando com os estudos de Monteiro et al. (2020) e Leite et al. (2023), indício que mostra a importância da identificação pelos hemocentros pois é um dos antígenos mais imunogênicos.
ConclusãoEste estudo apresenta a distribuição dos haplótipos CDE em doadores de sangue fenotipados, RhD negativos na cidade de Belém. O haplótipo mais comum foi dce . Entre os CDE positivos, o dCe se sobressaiu. O conhecimento da distribuição de CDE positivos entre os RhD negativos nos doadores da cidade de Belém pode auxiliar em protocolos para aumentar a segurança transfusional, alertando para a possibilidade de sensibilização por C e/ou E mesmo em bolsas supostamente Rh negativas.